Estudo de validação de aplicativo para insulinização de pacientes com diabetes hospitalizados: insulinapp

Abstract

INTRODUÇÃO: A hiperglicemia hospitalar (HH) é definida como qualquer valor de glicemia maior que 140 mg/dL no ambiente intra-hospitalar. Independente do diagnóstico prévio de diabetes mellitus (DM), está demonstrado que a HH aumenta a mortalidade e morbidade da doença de base. Apesar de muitos estudos apresentarem evidências sólidas dos benefícios do tratamento da HH, o controle glicêmico permanece deficiente e negligenciado. São necessárias soluções para padronizar as condutas na insulinização hospitalar. Atualmente está incorporada à prática médica a utilização de aplicativos com diversas finalidades que facilitam o cotidiano do médico e de seus pacientes. Recentemente, foi desenvolvido no Brasil e em língua portuguesa um aplicativo para insulinização intra-hospitalar denominado de InsulinAPP. O InsulinAPP é uma ferramenta criada para auxiliar o manejo da HH instituindo padronização e simplificação da prescrição médica de insulinas de acordo com recomendações das diretrizes para manejo da HH. OBJETIVO: Reunir evidências para validar o aplicativo InsulinAPP utilizando a padronização COSMIN (COnsensus‐based Standards for the selection of health Measurement INstruments) como ferramenta auxiliar na insulinização de pacientes diabéticos com patologias clínicas internados em unidades abertas. MÉTODOS: Estudo unicêntrico prospectivo, não-cego para validação de aplicativo de saúde conduzido no Hospital Santa Izabel da Santa Casa da Bahia localizado em Salvador, Bahia. Foram avaliadas a adaptação transcultural, a validade do conteúdo, a validade do critério, a confiabilidade intra e interobservador e a validade do constructo. Na validade do constructo foram comparadas a prescrição de insulinas executadas por médicos não-endocrinologistas sob a orientação do InsulinAPP (Grupo InsulinAPP) com a prescrição de insulinas feita pelo endocrinologista de acordo com os protocolos institucionais locais (Grupo InsulinHAB). RESULTADOS: Na adaptação transcultural e validade do conteúdo, o aplicativo foi avaliado como de fácil entendimento e praticidade no uso. Na validade do critério as doses de insulina sugeridas nos casos hipotéticos foram divergentes entre os endocrinologistas e o aplicativo. Na confiabilidade do observador o aplicativo se mostrou capaz de reproduzir resultados em condições constantes e foi preciso, quando utilizado por examinadores diferentes. Na validade do constructo, a insulina basal foi mais utilizada pelo grupo InsulinHAB e a insulina bolus pelo grupo InsulinAPP (p=0,036 e p<0,001). O grupo InsulinAPP alcançou redução significativa da média glicêmica final (p=0,013), o que não foi observado no grupo InsulinHAB. A média glicêmica diária não foi diferente entre os grupos. O número de hipoglicemias, glicemias dentro da meta e hiperglicemias não foram diferentes entre os grupos. CONCLUSÃO: O aplicativo se mostrou apto para auxiliar o médico não especialista no cálculo de dose de insulina para pacientes hospitalizados.