Perfil epidemiológico dos casos de tentativa de suicídio por intoxicação exógena em adolescentes nas regiões brasileiras no período 2018 a 2023: estudo ecológico
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Resumo
"Introdução: O suicídio é uma das principais causas de morte entre adolescentes no mundo todo, com tentativas de suicídio sendo fortes preditores de suicídios consumados. O envenenamento exógeno é um dos métodos mais frequentemente usados, mas no Brasil existe uma limitação nas pesquisas epidemiológicas em larga escala abordando essa questão. Objetivo: Descrever as características socioepidemiológicas, tendências temporais e disparidades regionais e delinear o impacto da pandemia de COVID-19 nas tentativas de suicídio por envenenamento exógeno entre adolescentes brasileiros de 2018 a 2023. Métodos: Este estudo ecológico de base populacional analisou o perfil epidemiológico e as tendências temporais das tentativas de suicídio por envenenamento exógeno relatadas entre adolescentes no Brasil. Os casos foram analisados por características demográficas, agentes tóxicos, atendimento recebido e distribuição geográfica nas regiões brasileiras. Cenário: Dados nacionais sobre pacientes notificados com tentativas de suicídio por envenenamento exógeno entre adolescentes de 10 a 19 anos, coletados nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Participantes: Este estudo ecológico de base populacional analisou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre tentativas de suicídio por envenenamento exógeno notificadas entre adolescentes de 10 a 19 anos de 2018 a 2023. Exposição: Tentativas de suicídio por envenenamento exógeno conforme registrado no banco de dados do SINAN. Resultados: O desfecho primário foi a incidência de tentativas de suicídio relatadas por envenenamento exógeno. Estatísticas descritivas resumiram os dados, e tendências temporais foram analisadas usando a Decomposição de Tendências Sazonais baseada em LOESS (STL) e o teste de Mann-Kendall e aplicada análise de séries temporais interrompidas (ITSA) para mensurar o impacto da COVID-19 nas notificações. Taxas de incidência cumulativas por 100.000 habitantes foram calculadas para comparações regionais. Entre 142.251 casos analisados, a maioria ocorreu em mulheres (81,2% no grupo de 10 a 14 anos; 89,6% no grupo de 15 a 19 anos). Os agentes tóxicos mais frequentemente relatados foram medicamentos (87,0% em 10 a 14 anos; 84,4% em 15 a 19 anos), e a maioria das exposições ocorreu em casa (89,8%). Um pico de casos foi observado em 2019, seguido por um declínio em 2020 durante a pandemia de COVID-19, com uma tendência crescente a partir de 2021. A análise de tendências mostrou um aumento significativo nas tentativas de suicídio na maioria das regiões e em ambas as faixas etárias, com um aumento particularmente pronunciado no grupo de 10 a 14 anos. A análise do ITSA mostrou a subnotificação na pandemia de COVID-19. Conclusão: A alta carga de tentativas de suicídio por envenenamento exógeno entre adolescentes brasileiros destaca a necessidade de políticas de saúde mental fortalecidas, farmacovigilância aprimorada e estratégias de prevenção direcionadas. A COVID-19 impactou negativamente o sistema de notificação e o número de notificações. As disparidades regionais significativas e a incidência crescente entre adolescentes mais jovens ressaltam a urgência de expandir os serviços de saúde mental e restringir o acesso a agentes tóxicos para mitigar o risco de suicídio nessa população vulnerável.
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Palavras-chave
Tentativas de suicídio, Adolescentes, Envenenamento exógeno, Tendências temporais, Saúde pública