Origem e dispersão do subtipo F1 do HIV-1 na Bahia

Abstract

De 2007 a 2023, o Brasil relatou 489,594 casos de infecção pelo HIV-1, com a região Nordeste sendo a segunda região mais afetada. Dentro do Nordeste, a Bahia, como o estado mais populoso, detém o maior número absoluto de casos. Embora o subtipo B prevaleça no Nordeste, variantes não B, como F1, representam uma proporção significativa, necessitando de análises filogenéticas mais aprofundadas. Este estudo utilizou dados genéticos e epidemiológicos para explorar a origem e a disseminação do subtipo F1 do HIV-1 na Bahia. Analisamos 24 novas sequências do gene pol do HIV-1 de pessoas vivendo com vírus no estado da Bahia, Brasil. Para entender a filodinâmica viral, integramos sequências do gene pol do banco de dados de Los Alamos, resultando em um conjunto de dados de 5195 sequências. O achado principal das análises filodinâmicas e filogeográficas revela múltiplas introduções na Bahia entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, com a região Sudeste-BR (estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) sendo a principal fonte de introduções na Bahia. Além disso, notamos que clados mais recentes (2010–2017) de Pernambuco e do estado do Pará têm alta similaridade com o principal clado da Bahia identificado, o que indica uma possível origem ancestral comum compartilhada dessas epidemias localizadas. Em conclusão, é muito importante continuar a aquisição de novas sequências do HIV-1 para monitorar em tempo real a dinâmica espaço-temporal dos subtipos circulantes, para que em um futuro próximo as estratégias de vacinação e novos tratamentos possam ser aplicados de forma efetiva.