Associação entre alzheimer e síndrome de pernas inquietas uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: Tem-se observado aumento da incidência da Doença de Alzheimer (DA), e a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), pode sinalizar precocemente o risco dessa demência. Objetivo: Investigar a associação entre doença de Alzheimer e síndrome de pernas inquietas. Metodologia: A revisão sistemática foi guiada pelo protocolo PRISMA 2020. Foi realizada uma busca na base de dados PubMed Central utilizando os seguintes descritores cadastrados no DeCS/MeSH: “Restless legs syndrome” e “Alzheimer disease”. Foram incluídos estudos que avaliassem a associação entre Doença de Alzheimer e Síndrome de Pernas inquietas. Resultados: Por meio das buscas nas bases de dados, foram encontrados 725 artigos. Desses, 03 estudos atenderam aos critérios de inclusão. Kim et al. realizaram uma coorte coreana envolvendo indivíduos com idade ≥ 60 anos, cobrindo 12 anos até 2013. A SPI foi definida usando o código G25.8 da CID-10. Para precisão diagnóstica, pacientes com SPI foram definidos como aqueles que foram diagnosticados pelo menos duas vezes com esse código ( n = 5.940), desses, os autores excluiram aqueles com diagnóstico de demência antes do primeiro diagnóstico de SPI ( n = 586). Nesse estudo, demência por todas as causas foi definida como DA (CID-10 F00 ou G30). Esse estudo mostrou que o risco de demência por todas as causas foi 1,74 vezes maior no grupo SPI do que no grupo controle Além disso, a presença de SPI foi significativamente associada a um risco aumentado de DA (aHR 1,38, IC 95% 1,11–1,72). A curva de sobrevida de Kaplan–Meier com o teste de Gray revelou que o grupo SPI apresentou maior incidência de demência por todas as causas do que o grupo controle durante o período de observação. No estudo de Guarnieri, et al., SPI foi clinicamente definida quando os pacientes que responderam positivamente a quatro perguntas que representam os critérios para o diagnóstico clínico de SPI de acordo com o International RLS Study Group. O diagnóstico de demência foi feito de acordo com os critérios do DSM-IV-TR. Participaram do estudo, 431 pacientes, desses 204 (47,3%) tinham DA, com média da idade = 70 anos, e 6,1% tinham SPI. Guarnieri, et al. não encontraram associação entre SPI e DA. Lin, et al. conduziram estudo retrospectivo com o objetivo de investigar a associação de distúrbios do movimento relacionados ao sono (SRMD) e risco de demência usando os dados do Longitudinal Health Insurance Database (LHID) (Taiwan National Health Research Institute). Um total de 604 pacientes diagnosticados com SRMD e 2.416 controles pareados por gênero e idade para comparação foram incluídos neste estudo de coorte. Lin et al. reportaram um risco 5,769 maior (IC 95% = 2,01-6,12) de desenvolver DA em indivíduos com distúrbios do sono relacionados ao movimento (p < 0,05). Conclusão: A presente revisão sistemática foi capaz de demonstrar que SPI associa-se a um risco aumentado de desenvolver demência. Nesse sentido, é imprescindível que mais estudos prospectivos que investiguem a real associação entre essas duas condições. No entanto, o presente estudo aponta a necessidade de medidas preventivas para DA, em pacientes com SPI.