Perfil epidemiológico das pancreatites não biliares um estudo transversal

Abstract

Introdução: A pancreatite aguda é uma das principais doenças gastrointestinais que demandam hospitalização em todo mundo, conferindo elevada morbidade, mortalidade e custos ao sistema de saúde. Ao avaliar as etiologias não biliares, o álcool representa a causa mais prevalente, seguida de outras etiologias menos comuns como hipertrigliceridemia, hipercalcemia, medicamentos, trauma e pancreatite pós colangiopancreatografia retrógrada endoscópica. Além disso, uma parcela significativa das pancreatites agudas são idiopáticas e nenhuma etiologia é identificada apesar da história clínica, exames laboratoriais e de imagem. Devido as variações das manifestações clínicas e gravidade dessa doença, a avaliação precoce, o diagnóstico e o manejo do doente ainda são um desafio. Objetivo: Este estudo buscou delinear o perfil epidemiológico dos pacientes com pancreatites não biliares no Hospital Municipal de Salvador. Metodologia: Propomos um estudo observacional transversal retrospectivo, no qual foram analisados fatores como: sexo, faixa etária, etnia, comorbidades, etiologias, desfecho e complicações presentes nos prontuários eletrônicos (sistema MV-PEP) dos pacientes regulados para esse hospital público no período entre janeiro de 2019 a dezembro de 2020. Os dados foram analisados através da estatística descritiva, utilizando-se médias e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil, e as variáveis categóricas foram apresentadas em números absolutos e relativos através do cálculo da proporção por categoria das variáveis. Essa pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Após os critérios de exclusão a amostra totalizou 78 pacientes com pancreatite aguda não biliar, a média de idade do estudo foi de 45,5 anos, a maior parte dos pacientes eram do sexo masculino (76,9%) e a cor parda foi a mais frequentemente autodeclarada (20,5%). No que se refere a etiologia, 65,4% possuíam pancreatite de causa alcoólica, 2,6% por hipertrigliceridemia, 1,3% pós-trauma, 1,3% de etiologia infecciosa (pós-COVID-19) e ainda 29,5% da amostra tiveram pancreatite por causa desconhecida. Uma parte significativa dos pacientes evoluíram com a forma leve da doença (70,5%) e 11,5% com a forma mais grave da patologia. Por fim, 92,2% tiveram alta após internação e 7,8% evoluíram com óbito. Conclusão: Desse modo, o estudo encontrou que o perfil epidemiológico dessa amostra é composto principalmente por homens, de meia idade, pardos, com a etiologia alcóolica da enfermidade, diagnosticados com a forma leve da doença, tendo em sua maior parte evoluído para alta hospitalar. Assim, é importante direcionar ações em saúde que possam reduzir os prejuízos relacionados a essa enfermidade, levando em consideração os resultados evidenciados por esta pesquisa.