O impacto de programas de redução de danos na saúde de etilistas crônicos em situação de rua: uma revisão sistemática de literatura

Abstract

INTRODUÇÃO: O uso abusivo de álcool representa a segunda maior causa de mortes relacionadas a drogas no mundo. No Brasil, o consumo de álcool foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como acima da média mundial, e, levando-se em conta que ele é uma das substâncias que tem seu uso abusivo mais frequentemente ligado à vida da população de rua, e que o Brasil é um país com uma numerosa quantidade de indivíduos nessa situação, há de se atentar para os desafios que o país, e consequentemente o SUS, enfrentam para sanar este que é um problema de saúde pública. Sabendo-se, desta maneira, que políticas de Redução de Danos são importantes ferramentas para o tratamento de pessoas que fazem uso abusivo de drogas e de álcool, há de se analisar qual o impacto que tais políticas podem ter na vida daqueles usuários, moradores de rua, que praticam o abuso dessa substância. OBJETIVO: Identificar o impacto de programas que fazem uso da política de redução de danos na saúde das pessoas que praticam o uso abusivo de álcool, em situação de rua. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura que utiliza o modelo PRISMA. As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, SciELO e Cochrane. Foram incluídos artigos publicados entre os anos 2000 e 2021 que abordam os impactos de políticas de redução de danos na vida de moradores de rua usuários de álcool. Para avaliação da qualidade dos artigo selecionadas, foi utilizada a escala STROBE, com ponto de corte considerado adequado acima de 80%. RESULTADOS: Nesta revisão sistemática, 4 artigos foram analisados ao todo, e todos, oriundos dos Estados Unidos. No que diz respeito às medidas de intervenção em Redução de Danos utilizadas nos estudos, os 4 utilizaram da não abstinência alcoólica, associada à escolha pessoal do próprio indivíduo, que decidia por conta própria se iria consumir da substância, sem que isso acarretasse o fim de seu tratamento. Além dessa medida, em dois dos estudos foi também utilizado o Housing First. Os estudos não mostraram diferenças significativas no uso de álcool entre os grupos controle e experimental quando avaliados através de entrevistas, contudo, o estudo que se utilizou de teste bioquímico, mostrou que a probabilidade dos participantes do grupo experimental de testes positivos para uso abusivo de álcool diminuiu 18% para cada período de duas semanas. CONCLUSÕES: As políticas de Redução de Danos podem impactar de maneira positiva na saúde da população de rua usuária de álcool, principalmente no que tange à retenção dos usuários numa residência fixa a partir da estratégia de Housing First e à diminuição na probabilidade dos usuários que recebem um tratamento baseado em Redução de Danos de terem testes positivos de EtG. É necessário, entretanto, que novos estudos observacionais sejam feitos ao redor do mundo e com cortes temporais mais longos, tendo em vista que os estudos selecionados tiveram cortes de no máximo 2 anos.