Prevalência de transtornos do sono na doença de Parkinson

Abstract

Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa progressiva caracterizada por manifestações motoras e não motoras. Dentre as não motoras, os transtornos do sono são um dos fenômenos mais prevalentes e impactantes. Objetivo: Descrever a prevalência dos principais transtornos do sono em pacientes com Doença de Parkinson em hospital estadual em Salvador. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional de corte transversal realizado em um ambulatório de distúrbios do movimento, que analisou pacientes com diagnóstico de DP, dados demográficos (idade, sexo, cor, estado civil, escolaridade), tempo de doença, gravidade e tratamento farmacológico. Os questionários utilizados foram a Escala de Sonolência na Doença de Parkinson (PDSS), Escala de Sono de Epworth (ESE-BR), Questionário de Triagem do Transtorno Comportamental do Sono REM (QT-TCSREM) e Escala de Hoehn e Yahr modificada (H&Y). Resultado: Entre janeiro e março de 2022, 64 pacientes foram registrados, com idade média de 66 anos (±12,5) e e duração média da doença de 9 anos (IQ 7-11), todos os pacientes estavam em terapia com levodopa e 27 (42,2%) estavam em uso de agonistas dopaminérgicos. Dentre as principais comorbidades, 23 (35,9%) dos pacientes apresentavam depressão. A pontuação média total do PDSS foi de 101,92 ± 20,31, sendo que o item com a maior média (8,94) corresponde ao item 9 (incontinência urinária), e a mais baixa (3,81) ao item 3 (insônia de manutenção). Ainda nessa escala, 68,8% apresentavam insônia de manutenção, considerando até 5 pontos para determinar a presença do distúrbio. Verificou-se que 32,9% apresentavam sonolência diurna excessiva, considerando como escore >10 na ESE-BR. 31 (48,4%) dos pacientes foram positivos para transtorno comportamental do sono REM de acordo com o QTTCSREM. Conclusão: Conclui-se que os transtornos do sono são fenômenos não motores de prevalência significativa em pacientes com DP em nossa população, especialmente insônia, sonolência diurna excessiva e transtorno comportamental do sono REM. Reforça-se a importância da investigação desses sintomas, incluindo o uso de ferramentas específicas, visto que são fenômenos tratáveis com impacto na qualidade de vida.