Práticas religiosas afro-brasileiras e o impacto na saúde dos seus adeptos: uma revisão sistemática

Abstract

Este estudo sistemático explora o impacto das práticas religiosas afro-brasileiras na saúde de seus adeptos, abordando a intersecção entre religião, cultura e saúde no contexto brasileiro, assim como mapear as práticas de cuidado em saúde promovidos por essas religiões. A pesquisa analisa como tradições que carregam uma matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, contribuem para o bem-estar mental, emocional e social dos praticantes. Baseado no método PRISMA, foram examinados artigos de bases como PubMed, SciELO e Lilacs, selecionando estudos qualitativos de campo e relatos de casos publicados entre 2010 e 2024. A revisão revelou que os espaços religiosos afro-brasileiros oferecem não apenas suporte espiritual, mas também terapias holísticas que incluem o uso de ervas, banhos, infusões e rituais de cura. Os resultados destacam que esses espaços de culto atendem a necessidades de saúde que vão além do modelo biomédico convencional, fornecendo apoio psicológico e social e promovendo a resiliência. Entre os profissionais de saúde entrevistados, foram encontradas percepções mistas, com alguns reconhecendo o valor das práticas afro-brasileiras no apoio ao tratamento convencional e outros manifestando preconceitos ou desconhecimento. Além disso, práticas religiosas como consulta a entidades espirituais e o uso de tratamentos naturais demonstraram ser recursos valiosos para quem busca alternativas aos tratamentos ocidentais tradicionais. Em conclusão, o estudo indica que as práticas afro-brasileiras têm um papel essencial na promoção de uma saúde integral e no enfrentamento de desafios de saúde mental, social e espiritual. Contudo, ainda existem desafios, como o preconceito e a falta de integração dessas práticas ao sistema de saúde pública. Esta análise reforça a necessidade de políticas de saúde mais inclusivas e sensíveis à diversidade cultural e religiosa.