Perfil de produção de citocinas em pacientes com COVID-19: uma revisão sistemática

Abstract

INTRODUÇÃO: Desde 2019, quando começaram a surgir os primeiros casos da doença respiratória causada pelo novo vírus da família Coronaviridae, foi evidenciado que o vírus SARS-CoV-2 causava sintomas graves em pacientes com comorbidades e idosos principalmente pela indução de uma resposta inflamatória exacerbada. Diversas moléculas inflamatórias estavam presentes em pacientes graves, mas principalmente houve um aumento nos níveis de citocinas, desencadeando a chamada tempestade de citocinas. OBJETIVO: O presente estudo teve como objetivo revisar sistematicamente a literatura sobre as principais citocinas envolvidas nas formas graves da COVID-19. METODOLOGIA: Esta revisão sistemática foi conduzida de acordo com os Itens de Relatório Preferenciais para Revisões Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA) e a busca dos artigos foi realizada nas bases de dados NCBI/PubMed, SciELO e BVS. Após a triagem e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 44 estudos foram incluídos nesta revisão. RESULTADOS: Os artigos mostraram que há uma alta produção de citocinas em pacientes com a COVID-19, mas principalmente em pacientes graves. Houve elevada produção de citocinas pró-inflamatórias como a IL-6, TNF-α, IL-8 e anti-inflamatória como a IL-10 nos pacientes com COVID-19 grave em comparação aos pacientes assintomáticos ou com COVID-19 leve. Contudo, apesar de muitos estudos evidenciarem a alta produção de citocinas estar associada aos casos graves de COVID-19, outros estudos demonstraram resultados divergentes. DISCUSSÃO: Citocinas são moléculas importantes na defesa do organismo contra infecções, porém em excesso causam efeitos contrários. Nos casos da COVID-19, a alta na produção de citocinas pode estar ligada no aumento de fatores de coagulação, induzindo a formação de trombos além de acentuada linfopenia, morte celular, lesões pulmonares, bem como ao choque séptico e a morte. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os artigos incluídos nesta revisão apresentaram uma alta produção de citocinas, em especial citocinas pró-inflamatórias, em pacientes com sintomas graves na COVID-19 indicando que há uma correlação com a patogênese da doença. Tais informações podem contribuir no auxílio de intervenções terapêuticas bem como no desenvolvimento de testes de diagnósticos e caracterização da patogênese.