Estudo da frequência do uso de substâncias psicoativas em sujeitos internados na enfermaria de um hospital psiquiátrico em Salvador-Bahia

Abstract

INTRODUÇÃO: Os efeitos das substâncias psicoativas (SPA) no funcionamento cognitivo, emocional e comportamental podem exacerbar sintomas existentes e até mesmo desencadear condições psiquiátricas, inclusive aumentando consideravelmente as taxas de mortalidade em pacientes com comorbidades psiquiátricas. OBJETIVO: Estimar a prevalência do uso de substâncias psicoativas em pacientes internados na enfermaria do Hospital Juliano Moreira (HJM). METODOLOGIA: Estudo descritivo de caráter transversal, retrospectivo, o qual fez uma análise de prevalência a partir de dados secundários coletados através da revisão dos prontuários de alta dos pacientes internados um mês antes do início da coleta. Foram contemplados todos os pacientes acima de 18 anos internados na enfermaria do HJM na cidade de Salvador-BA. As variáveis analisadas foram: diagnóstico psiquiátrico, uso ou não uso de SPA, tipo da SPA, idade, sexo, raça/cor e escolaridade. RESULTADOS: No total, 132 prontuários cumpriram os critérios de inclusão e foram analisados no presente estudo. Destes, em 67 (50.7%), foram identificados o registro do uso de SPAs. Predominou na amostra pacientes do sexo feminino (55.3%), de raça/cor parda (69%), da faixa etária de 18 a 29 anos (32.5%), solteiros (73%) e que completaram o ensino médio (30.3%). O perfil clinico prevalece pacientes com esquizofrenia (31.8%), seguido do Transtorno afetivo bipolar (28.7%) e a psicose não orgânica (13.8%). As substâncias mais prevalentes entre os usuários foram o Álcool (46.3%) seguido da maconha (37.3%). Nos pacientes com diagnóstico de esquizofrenia a SPA mais frequente foi a maconha com 62% dos casos. O álcool foi a SPA mais prevalente tanto no TAB como na psicose não orgânica (44-45%). Já no transtorno por uso de substância é evidente a alta prevalência do uso da cocaína (62,5%) e do crack (38%). Em 46% dos prontuários foi identificado o registro do uso combinado das substâncias. CONCLUSÃO: A prevalência do uso de SPAs pelos pacientes internados no HJM no período do estudo foi de 50.7%, considerada elevada. Foi identificado o álcool como SPA mais consumida. Os fatores de risco identificados foram: ser do sexo masculino, jovem e ter o diagnóstico de esquizofrenia.