Intensidade do tratamento com estatinas e hiperglicemia: uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: O uso de estatinas é amplamente reconhecido pela sua eficácia na redução dos níveis de colesterol de baixa densidade (LDL-c) e na prevenção de eventos cardiovasculares. No entanto, estudos sugerem que essas medicações podem estar associadas a um aumento nos níveis de glicose sanguínea, levando a preocupações sobre o possível desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2. Objetivos: Esse estudo teve como objetivo investigar a relação entre a intensidade do tratamento com estatinas e o aumento da glicemia. Métodos: A metodologia adotada foi uma revisão sistemática, seguindo as diretrizes do PRISMA. A busca de estudos foi realizada em bases como PubMed e SciELO, utilizando descritores específicos. Como critérios de inclusão, estudos com adultos a partir de 18 anos, que utilizaram estatinas e tiveram seus níveis de glicose medidos após o uso do medicamento. Os tipos de estudos incluídos abrangem ensaios clínicos, coortes, estudos transversais e de caso-controle. Como critérios de exclusão, foram excluídos estudos observacionais, relatos de caso, protocolos, comentários, cartas e editoriais, além de revisões e metanálises. Estudos incompletos ou inacessíveis também foram descartados, assim como aqueles que não avaliaram a glicemia, não especificaram o tipo ou dose de estatina usada, ou envolveram testes in vitro, em animais ou com menores de 18 anos. Pesquisas em que a intervenção não foi exclusivamente com estatinas, ou que incluíram poucas amostras (n<100), também foram excluídas. Foram identificados, assim, 4712 estudos, em que na etapa de triagem foram eleitos 52, e, por fim, foram incluídos 4 no estudo. Os dados foram extraídos e analisados de forma pareada, com a qualidade metodológica avaliada por ferramentas como o ROB 2.0. Resultados: Os resultados indicam uma relação dose-dependente, na qual as estatinas de alta potência, como atorvastatina 80 mg e rosuvastatina 20 mg, foram associadas a um aumento significativo nos níveis de glicose e hemoglobina glicada. Embora as estatinas sejam fundamentais na prevenção de doenças cardiovasculares, o potencial aumento dos níveis glicêmicos deve ser considerado, especialmente em pacientes com risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2. Conclui-se que a escolha da intensidade da estatina deve ser individualizada e acompanhada de monitoramento glicêmico.