A qualidade de vida e os problemas comportamentais e emocionais são preditores de falha ao tratamento com eletroestimulação transcutânea parasacral em crianças e adolescentes com bexiga hiperativa?

Abstract

Introdução: Existe uma relação epidemiológica significativa entre problemas psicológicos e maior prevalência de sintomas do trato urinário inferior (STUI) em pacientes com bexiga hiperativa (BH). Nesse caso, crianças mais afetadas por problemas psicológicos e comprometimento da qualidade de vida (QV) também podem estar relacionadas a uma maior taxa de falha no tratamento da BH com eletroestimulação transcutânea parasacral (TENS). Objetivo: Avaliar se a QV e as alterações psicológicas, avaliadas pelos scores do Pediatric Incontinence Questionnaire (PinQ) e do Strength and Difficulties Questionnaire (SDQ), respectivamente, são preditores de falha ao tratamento da BH com TENS parasacral. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo envolvendo crianças entre 5 e 16 anos sob TENS parassacral com diagnóstico de BH. Pacientes com anomalias anatômicas e/ou neurológicas do trato urinário foram excluídos. Os questionários utilizados foram o Dysfunctional Voiding Symptom Score (DVSS) para avaliar a intensidade dos STUI e os scores do PinQ e SDQ para avaliar a QV e alterações psicológicas, respectivamente. A falha do tratamento foi avaliada utilizando o percentil de Δ DVSS; pacientes com uma melhora igual ou superior a 50% foram considerados curados. Scores de PinQ acima de 60 e scores de SDQ acima de 16 foram considerados alterados. Resultados: Quarenta e sete pacientes foram incluídos no estudo, com idade média de 9,3±2,9 anos e 29 (61,7%) eram do sexo feminino. No período pré-tratamento, 17 (36,2%) pacientes apresentavam score de PinQ alterado, e 22 (46,8%) apresentavam score de SDQ alterado. Após o tratamento, 31 (66%) pacientes foram considerados curados. Na análise da associação entre a taxa de melhora medida pelo Δ DVSS e o valor pré-tratamento do PinQ, não houve associação estatisticamente significativa, p=0,288. Na avaliação da acurácia do PinQ pré-tratamento em relação à resposta ao TENS parassacral, a curva ROC apresentou uma área sob a curva de 0,520 com um valor de p de 0,858. Além disso, na análise da associação entre a taxa de melhora medida pelo Δ DVSS e o valor pré-tratamento do SDQ, não houve associação, p=0,507. Finalmente, na avaliação da acurácia do SDQ pré-tratamento em relação à resposta ao tratamento com TENS parassacral, a curva ROC apresentou uma área sob a curva de 0,530 com um valor de p de 0,776. Conclusão: Problemas emocionais e comportamentais clinicamente significativos,