Perfil nutricional dos pacientes com pancreatite aguda em Salvador, Bahia

Abstract

Introdução: A pancreatite aguda (PA) é uma causa comum de hospitalização por condições gastrointestinais nos Estados Unidos. O crescimento da obesidade pode ser um contribuinte importante para o aumento no número de casos, pois a própria obesidade e suas complicações são fatores de risco para o desenvolvimento da PA. A doença possui um grau variado de manifestações, que varia desde edema focal até quadros de necrose hemorrágica difusa. Sabe-se que o excesso de peso se associa à maior deposição de gordura no pâncreas e ao seu redor (gordura peripancreática), a um maior efeito inflamatório durante a PA, maior risco de colelitíase, com a formação de cálculos a base de colesterol, maior risco de necrose dos depósitos de gordura no pâncreas, aumentando os riscos de uma PA necrosante, além maiores riscos de desenvolver complicações. Objetivos: Analisar o perfil nutricional de pacientes com PA hospitalizados em um Hospital terciário na cidade de Salvador, Bahia, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Descrever o perfil nutricional, a etiologia da PA e o perfil demográfico (sexo, faixa etária) e clínico dos pacientes e comparar o perfil nutricional dos pacientes com a etiologia, gravidade, tempo de internação e desfecho. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional do tipo descritivo. Os dados são de origem secundária, avaliados de forma descritiva, e a unidade da análise foi individualizada e do tipo clínico. A população do estudo foi composta por amostra de conveniência e os dados foram coletados de prontuários eletrônicos de um hospital terciário da cidade de Salvador, Bahia, no ano de 2019 e 2020. Para verificação de diferenças estatisticamente significantes entre as variáveis quantitativas foi utilizado o Teste de qui-quadrado de Pearson, utilizando como referência valor de p<0,05. Resultados: A amostra contou com 119 pacientes, sendo 50 (42,0%) com sobrepeso, seguido de 42 (35,3%) eutróficos, 15 (12,6%) com obesidade grau I, 5 (4,2%) indivíduos com baixo peso, 4 (3,4%) com obesidade grau III e 3 (2,5%) com obesidade grau II. Quanto a etiologia, 51 (42,9%) era biliar, 45 (37,8%) alcoólica. O sobrepeso e a eutrofia se destacaram no grupo de PA leve, com 38 (77,6%) e 29 (70,7%) pacientes, e moderadamente grave, com 8 (16,3%) e 7 (17,1%) dos pacientes, respectivamente. Além disso, 89 (76,1%) pertenciam ao grupo da PA leve, 18 (15,4%) ao moderadamente grave e 10 (8,5%) ao grave. Os pacientes eutróficos e com sobrepeso se destacaram com o menor tempo de internação (0-5 dias), com 23 (45,1%) e 21 (41,2%) pacientes, respectivamente. No período do estudo ocorreram 8 óbitos, sendo 5 (62,5%) entre eutróficos, 2 (25%) entre pacientes com sobrepeso, e 1 (12,5%) entre pacientes com obesidade grau I. Conclusão: A PA é uma doença que tem relação com o perfil nutricional do paciente e pode ter diversos desfechos, a depender do curso clínico da patologia e abordagens terapêuticas empregadas. Com o crescimento da obesidade, a doença tende a apresentar piores desfechos, como maior índice de mortalidade. Para reduzir o número de casos por essa patologia, o incentivo à prática de exercícios físicos e redução do consumo de álcool, por parte da população, deve ocorrer, partindo de políticas públicas direcionadas para tal finalidade.