Reincidência de assassinos em série brasileiros diagnosticados com psicopatia

Abstract

Introdução: Embora popularmente conhecidos como psicopatas, assassinos em série ou assassinos de múltiplas vítimas nem sempre tem de fato o diagnóstico de Psicopatia. Com base em evidências, pode-se então propor uma reflexão acerca da saída de indivíduos com este diagnóstico do sistema prisional já que alguns dos critérios diagnósticos da psicopatia já predizem a versatilidade criminal, a delinquência juvenil e a revogação da liberdade criminal. Objetivo: Descrever e analisar a história de vida de assassinos em série brasileiros diagnosticados com psicopatia ou transtorno de personalidade antissocial, que após egressos do sistema prisional, reincidiram em novas contravenções penais ou crimes cada vez mais graves, culminando em muitos assassinatos. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, retrospectivo, realizado a partir da pesquisa documental e análise de história de vida. Foram analisadas histórias de vida de 04 assassinos em série brasileiros a partir da adaptação do método de análise de narrativas biográficas proposto por Schütze. Resultados e discussão: Foram identificados nas histórias narradas de todos os participantes fatores descritos pela ciência como agravantes da psicopatia. Condições socioeconômicas desfavoráveis, abusos e/ou violência na infância, separação dos pais e/ou ambiente familiar conflituoso, baixa escolaridade dos pais com uma correlação com a baixa escolaridade dos filho, agravando a psicopatia e a reincidência criminal. Considerações finais: Conclui-se que existem similaridades entre as histórias de vida que confirmam teorias de que acontecimentos como violência, estrutura familiar problemática, desigualdade social e baixa escolaridade são fatores agravantes do transtorno de personalidade antissocial e que o problema que permeia tantos assassinatos está para além do não investimento do estado em sistemas prisionais adequados aos psicopatas.