Mortalidade materna decorrente do aborto no brasil: uma análise ecológica de 2012 a 2023

Abstract

Introdução: O aborto inseguro é caracterizado como um procedimento que é realizado sem a habilidade necessária ou em ambientes inadequados. Embora avanços na ciência e na medicina possam proporcionar abortos seguros, a prática continua a ocorrer de forma insegura, gerando complicações, mortes maternas e altos custos para o sistema de saúde. No Brasil, a maior parte dos abortos é realizada de forma clandestina e insegura, configurando um problema de saúde pública devido à sua gravidade e persistência. Objetivo: Analisar indicadores de mortalidade materna por aborto no Brasil no período de 2012 a 2023. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e retrospectivo, com dados de série temporal coletados no DATASUS. Foram analisadas as variáveis de região, raça/cor, faixa etária, estado civil, escolaridade e causa segundo o CID-10. Resultados: A partir da análise dos dados chegou-se a um perfil de maior incidência para óbitos por aborto no período analisado, sendo este de mulheres negras (63%), solteiras (57,7%), na faixa etária de 20 a 29 anos (43,7%), com 8 a 11 anos de estudo (40,08%), residentes das regiões Norte e Nordeste do país. Considerações finais: O estudo evidencia disparidades sociais e regionais nos óbitos por aborto, relacionadas a fatores raciais, econômicos, educacionais e de saúde. Além disso, a ausência de dados específicos sobre aborto inseguro nos sistemas de saúde brasileiros aponta para a subnotificação, sugerindo que o número de óbitos seja ainda maior. Destaca-se a necessidade de mais estudos e intervenções para enfrentar o problema.