Comportamento das doenças cardiovasculares durante período de pandemia de COVID-19 no Brasil

Abstract

Introdução: A doença COVID-19, provocada pelo novo agente da corona vírus, rapidamente alcançou uma alta taxa de transmissão mundial, ganhando, em março de 2020, o status de pandemia e assim, ameaçando à estabilidade e dinâmica de funcionamento dos sistemas de saúde ao forçar a necessidade de execução de medidas extraordinárias para a sustentação desses sistemas. Uma vez que as doenças cardiovasculares (DCV) representam aproximadamente 11% de todas as internações no sistema público e são responsáveis por gastos exuberantes no orçamento para a saúde do país, é necessário um melhor entendimento quanto ao comportamento dessas frete ao cenário pandêmico já que essas modificações podem ser responsáveis por provocarem uma mudança quanto aos índices de morbidade e por consequência na saúde pública brasileira. Objetivo: Descrever os índices de morbidade de doenças do aparelho circulatório durante o período pandemia de COVID-19 no Brasil, evidenciando, sobretudo, as taxas de internação de infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca. Métodos: A pesquisa foi desenvolvida através de um estudo ecológico por série temporal, analisando as taxas de internação hospitalares mês a mês no período de 2019 e 2020 para os seguintes diagnósticos: Doença do aparelho circulatório, Infarto agudo do miocárdio e Insuficiência cardíaca. A base de dados foi levantada a partir do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema único de Saúde (SIH-SUS) e obtidos de forma agregada, sem a identificação dos pacientes. A taxa de internação hospitalar foi calculada dividindo-se a soma dos números de internações hospitalares para cada diagnóstico pelo total populacional de todos os municípios do Brasil mensalmente (projeção referente ao primeiro dia do mês) e multiplicando o resultado por 100.000 habitantes. Resultados: Foi evidenciado uma redução significativa nas taxas de internação no ano de 2020 por doença do parelho circulatório quando comparado com o ano anterior pré-pandemico, principalmente nas hospitalizações por insuficiência cardíaca. Os meses de maior redução foram os de abril a setembro, período no qual também foram registrados os maiores índices de novos casos por COVID-19 em curva ascendente. Conclusão: A pandemia de COVID-19 parece ter impacto direto no que diz respeito ao comportamento das doenças do aparelho cardiovascular, uma vez que a necessidade de execução de medidas extraordinárias nos serviços de saúde para acomodar o constante aumento de pacientes criticamente enfermos pela COVID-19.Além disso o cenário de preocupação e receio por parte da população causado pela pandemia pode ter afetado o hábito de saúde dos brasileiros, retardando assim a busca por assistência medica quando necessário refletindo diretamente nas taxas de internamento.