Associação entre déficit cognitivo, controle glicêmico e adesão terapêutica em pacientes idosos diabéticos em uso de insulina

Abstract

INTRODUÇÃO: As alterações vasculares e neurológicas derivadas do aumento crônico da hiperglicemia provocam efeitos danosos na capacidade cognitiva, culminando em alta incidência de incapacitações e morte prematura de idosos. OBJETIVO: Avaliar déficit cognitivo como fator associado ao controle glicêmico e a má adesão ao tratamento em pacientes idosos portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 em uso de insulina. MÉTODOS: Trata-se de estudo de corte transversal, através da aplicação do teste Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e da revisão de prontuários do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA). Foram analisados dados de 33 pacientes idosos, acima de 60 anos, portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 insulino-requerentes atendidos no CEDEBA. Foram excluídos do estudo pacientes cujos prontuários estavam preenchidos de forma incompleta, impossibilitando a análise dos dados, e pacientes com déficit cognitivo severo incapazes de realizar o Mini-Mental de forma satisfatória. A relação entre os resultados obtidos no score do MEEM com as variáveis contínuas e categóricas foi feita, respectivamente, através do teste t e teste exato de Fisher. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software R versão 3.6.3 (The R foundation for statistical computing, Viena, Áustria). RESULTADOS: A análise não evidenciou associação entre déficit cognitivo e controle glicêmico. Também não foi evidenciada correlação entre déficit cognitivo e adesão terpêutica. Porém, o valor de p foi estatisticamente= significante (p = 0,01608) para a categoria que relacionava sexo feminino com valores alterados dos escores do Mini Exame do Estado Mental. Comparando os scores normais do Mini Exame do Estado Mental com o uso de Metformina , o valor de p também se mostrou estatisticamente significante (p = 0,0030). As demais variáveis não se mostraram significativas na análise. CONCLUSÕES: Conclui-se que, na amostra estudada, não houve associação entre disfunção cognitiva e descontrole glicêmico ou má adesão terapêutica. Entretanto, apesar da pequena amostra, o estudo reitera o efeito supostamente neuroprotetor da Metformina nos pacientes idosos portadores de diabetes. Este trabalho reforça a necessidade de estudos longitudinais de longo prazo para que seja esclarecida se há uma causalidade direta entre os resultados cognitivos e controle glicêmico.