Impacto do uso de bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona por pacientes cardiopatas na evolução da Covid-19: uma revisão sistemática

Abstract

A pandemia de COVID-19 representa, atualmente, um grande problema de saúde de abrangência mundial. O vírus SARS-CoV2, para adentrar no trato respiratório, liga-se ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2, cuja ação é importante para o adequado funcionamento cardiovascular. Sabe-se que os pacientes com comorbidades cardiovasculares integram os principais grupos de risco para a gravidade da COVID-19; e os principais medicamentos utilizados por esses indivíduos cardiopatas interferem diretamente na dinâmica do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). Objetivos: Estudar as evidências existentes na literatura acerca da relação entre o uso de bloqueadores do sistema reninaangiotensina-aldosterona por pacientes cardiopatas e o prognóstico da doença COVID-19; e verificar de que modo os bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona podem interferir nos níveis da enzima conversora de angiotensina 2. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática, identificando artigos nas bases PubMed/Medline e SciELO, utilizando os descritores “COVID-19”; “Heart Diseases”; “Angiotensin-converting enzyme inhibitors” e “risks”. Foram incluídos estudos observacionais; publicados nos últimos 5 anos, nos idiomas Inglês, Português ou Espanhol; que abordam o papel da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) e o papel dos inibidores do sistema renina-angiotensina, correlacionando com doenças cardiovasculares e com a COVID-19. Foram excluídos os estudos que não disponibilizaram resumo/abstract. Resultados: Dos 99 artigos identificados, 4 foram selecionados para o presente estudo. O somatório das amostras dos estudos em foco foi de 7.535 pacientes internados com COVID-19; sendo a maioria do sexo masculino; e 3.445 utilizavam bloqueadores do SRAA. Embora tenha sido observado aumento do risco de necessitar de ventilação mecânica invasiva durante a internação e, também, o risco de morte em pacientes cujo uso de iSRAA foi suspenso, não é estabelecido qual o mecanismo responsável pelo risco de evolução desfavorável (pior prognostico) atribuído a essa suspensão. Conclusão: O presente estudo demonstra que as evidências existentes na literatura corroboram com a manutenção do uso dos bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona pelos pacientes cardiopatas com COVID-19. Além disso, na presente revisão sistemática, observa-se um aumento no risco de pior prognóstico nos pacientes nos quais o uso dos medicamentos foi suspenso. Os estudos selecionados evidenciam que a utilização dos medicamentos em foco não aumenta o risco de ventilação mecânica invasiva, durante a internação, nem o risco de morte em pacientes com COVID-19.