Uso de oxigenoterapia em pacientes com IAMCSST: um caso de reversão médica

Abstract

Introdução: Práticas médicas de baixo valor são práticas ineficazes ou que custam mais do que outras opções, mas oferecem eficácia semelhante e trazem prejuízos sociais, econômicos, políticos e administrativos. Tais práticas estão sujeitas à Reversão Médica, que ocorre quando um novo trial - superior aos antecessores em virtude de uma melhor qualidade metodológica –contradiz uma prática clínica atual. Embora estudos anteriores tenham descrito uma série de reversões, faltam dados sobre a qualidade dos estudos envolvidos nas recomendações das diretrizes médicas. Objetivos: Descrever a qualidade das evidências que serviram como base para uma das reversões médicas identificadas nas diretrizes. Metodologia: Foram analisadas as recomendações ACC/AHA de IAMCSST, das duas últimas décadas. As recomendações precedentes foram comparadas com as da sua versão mais recente. A diretriz mais antiga foi utilizada para identificar as recomendações COR I e II e a mais recente, para identificar quais delas sofreram reversão médica. As recomendações que foram supressas, que perderam força e as recomendações que passaram a ser contraindicadas, foram enquadradas como “reversões médicas” e posteriormente, foram identificados a presença de estudo negativo de melhor qualidade que motivou a reversão no caso selecionado. A reversão selecionada foi sobre o uso rotineiro de oxigenoterapia em pacientes com IAMCSST não complicado durante as primeiras seis horas. Foram utilizados como instrumentos de avaliação metodológica o CONSORT e STROBE, para os ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais, respectivamente. Resultados: Na soma dos critérios avaliados pela checklist do CONSORT, os estudos analisados adquiriram uma média de 18,8 pontos em um total de 25 (75,5%). Na soma dos critérios avaliados pela checklist do STROBE, os estudos analisados adquiriram uma média de 10,8 pontos em um total de 22 (49%). Conclusão: A reversão médica pode ser justificada com base na melhor qualidade dos estudos que motivaram a mudança da conduta anterior, que era baseada em estudos de qualidade metodológica inferior. Dessa forma, as recomendações mais atuais descritas pela ACC / AHA não recomendam mais o uso de oxigenoterapia de rotina em pacientes com IAMCSST não complicado.