Perfil clínico–epidemiológico de pacientes pediátricos internados com síndrome respiratória aguda grave por covid-19 no Brasil em 2020

Abstract

Introdução: Pacientes pediátricos aparentemente costumam apresentar manifestações clínicas mais brandas da COVID-19, com curso autolimitado e bom prognóstico. A COVID-19 tem uma maior prevalência de internação por SRAG em grupos etários superiores a 60 anos, tal cenário acarreta uma concentração de estudos nas faixas etárias mais elevadas, sendo poucos os trabalhos na população pediátrica. Assim, suscita-se a necessidade de uma maior investigação do perfil das internações existentes na pediatria, visando otimização das medidas preventivas e melhor direcionamento das políticas em saúde. Objetivo primário: Traçar o perfil clínico e epidemiológico das internações de crianças de até doze anos de idade, por Síndrome Respiratória Aguda Grave como desfecho da COVID – 19, no Brasil, no ano de 2020. Objetivos secundários: Identificar perfil de óbito por Síndrome Respiratória Aguda Grave na COVID – 19 em pacientes pediátricos (de zero a doze anos de idade) no Brasil no ano de 2020; descrever a distribuição geográfica das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave na COVID – 19 em pacientes pediátricos (de zero a doze anos de idade) no Brasil no ano de 2020. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados secundários do Banco de Dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave - incluindo dados da COVID-19 do Ministério da Saúde, no ano de 2020, obtido através do DATASUS. Foram analisados dados referentes a pacientes entre 0 e 12 anos incompletos notificados, cujos critérios diagnósticos da COVID-19 tenham sido atendidos. Resultados: Foram registradas um total 9.823 internações por SRAG por COVID-19 em pacientes pediátricos no Brasil, em 2020. Desses, 55,37% eram do sexo masculino e 44,52% do feminino. Observou-se um maior número de internações entre pacientes com menos de 1 ano (35,17%), seguido por pacientes com idade entre um e dois anos (12,28%), com predomínio da raça/cor parda (50,38%). Percebeu-se uma concentração desses internamentos nas regiões Sudeste (33,99%) e Nordeste (29,85%). Em relação à comorbidades pré-existentes mais relatadas, destacam-se: asma (7,41%), doenças neurológicas crônicas (4,68%) e doenças cardiovasculares crônicas (3,67%). Durante a internação, os sinais e sintomas mais registrados foram: febre (67,00%), tosse (59,60%) e dispneia (48,67%). Por fim, evidenciou-se que a cura (78,77%) foi o desfecho clínico predominante entre todas as faixas etárias, com uma taxa de óbito de 6,58%. Entre aqueles pacientes com comorbidades, a taxa de óbito foi maior nos portadores de doenças hepáticas crônicas (26,32%). Conclusão: O presente estudo evidenciou um maior número de casos de pacientes pediátricos internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave por COVID-19 no Brasil entre crianças do sexo masculino, pardas, com idade inferior a um ano, cuja comorbidade pré-existente mais relatada foi a asma e a maior letalidade nos pacientes hepatopatas crônicos. Ademais, observa-se uma concentração desses casos nas regiões Sudeste e Nordeste e a cura como principal desfecho clínico.