Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes vítimas de arma de fogo submetidos à laparotomia exploradora. Salvador – Bahia. 2013 – 2022

Abstract

Introdução: A violência é um problema social crescente e contemporâneo com impacto direto na vida da população brasileira, onde aparece como uma das principais causas de óbito. Nesse cenário, as lesões resultantes do uso de armas de fogo representam um desafio significativo para o sistema de saúde, com destaque para os centros urbanos, onde a violência armada é ainda mais prevalente. As diferentes abordagens dessas ocorrências envolvem, em sua maioria, procedimentos cirúrgicos, sendo a laparotomia exploradora uma realidade frequente, sendo necessária a análise do perfil clínico e epidemiológico dos pacientes. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes vítimas de arma de fogo submetidos à laparotomia exploradora nos hospitais da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de Salvador, Bahia, no período de 2013 a 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo clínico e epidemiológico, observacional, utilizando dados secundários do Sistema de Internações Hospitalares (SIH-SUS). Foram incluídos no estudo todos os pacientes internados cujo diagnóstico secundário CID-10 foram: X93, X94 e X95 e submetidos ao procedimento laparotomia exploradora (407040161). Analisou-se as variáveis idade, sexo, distrito sanitário de residência, dias de internamento, valor dos procedimentos e motivo da saída, segundo medidas de tendência central e dispersão. A tendência temporal foi analisada através da regressão linear simples e considerado como significância estatística p<0,05. Resultados: Foram identificados 214 indivíduos, vítimas de arma de fogo submetidos a laparotomia exploradora, com maior frequência no sexo masculino (92%) e de jovens na faixa etária de 13 a 26 anos (58,4%). A regressão linear, apresentou um fraco coeficiente de determinação, tendência decrescente e estatisticamente não significante. A maior ocorrência foi no DS Barra/Rio Vermelho 25,2%, seguido pelo DS São Caetano/Valéria 14,6% e Brotas 12,6%. O custo total dos procedimentos foi de R$479.457,02, sendo 83,3% referentes ao serviço hospitalar e 16,7% ao serviço profissional. A maioria (64%) dos indivíduos permaneceu internato por um período máximo de 5 dias. A taxa de letalidade geral foi 10,2%, sendo maior nas mulheres, 11,7% do que nos homens, 10,1%, diferença estatisticamente significante. Dentre as faixas etárias, nos homens, a metade dos óbitos foi entre os de 13-26 anos, e a maior taxa de letalidade, 25,9% naqueles de idade entre 41-54 anos. Conclusões: O perfil dos pacientes analisados apontou predominância de pacientes jovens do sexo masculino, com maior custo para serviços hospitalares, apresentando semelhanças com os encontrados na literatura. Neste sentido, faz-se necessário o debates acerca de medidas públicas, seja no tocante às políticas de desarmamento ou na promoção de melhorias na estrutura das unidades e na capacitação dos profissionais de saúde responsáveis pelos atendimentos.