Experiência com o implante valvular aórtico transcateter (tavi) em um hospital privado na cidade de Salvador – Bahia

Abstract

Introdução: O implante valvular aórtico transcateter (TAVI) é considerado uma opção terapêutica para pacientes com estenose aórtica, podendo ser realizado nos enfermos de todos os riscos cirúrgicos. Assim, este trabalho se justifica pela escassez de estudos com o TAVI no Brasil. A descrição de dados possibilitará conhecer a experiência de um centro local. Objetivos: Descrever o perfil clínico e de complicações hospitalares em pacientes submetidos ao TAVI em um hospital de Salvador-BA. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, descritivo, transversal, realizado com dados secundários do banco RETAVI do Hospital São Rafael em Salvador, BA. A população do estudo é composta de todos os pacientes com estenose aórtica (EAo) grave sintomática, submetidos ao TAVI no referido hospital soteropolitano, no período de 05/03/2018 a 07/11/2019. Trata-se, portanto, de uma amostra não probabilística de conveniência obtida em um hospital privado, cujos pacientes são conveniados ou particulares. Os seguintes dados foram utilizados: perfil clínico dos pacientes; dados ecocardiográficos e eletrocardiográficos anteriores e posteriores ao procedimento; dados tomográficos anteriores ao procedimento; ocorrência de complicações durante a realização do TAVI e durante a internação pósTAVI; mortalidade intra-hospitalar; necessidade de marcapasso cardíaco transvenoso; tempo de internamento, de permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e características técnicas do procedimento. As variáveis quantitativas foram descritas por mediana e amplitude interquartil (AIQ); as qualitativas, por frequência absoluta e relativa. Resultados: O total de 23 pacientes do banco RETAVI preencheram os critérios de inclusão. A idade mediana dos participantes foi de 83 anos, com 65% dos pacientes do sexo feminino. A mediana do IMC foi de 27kg/m². A mediana do escore de risco STS foi de 6; do tempo de internamento total foi de 5 dias e do tempo de internamento na UTI de 2 dias. Os sintomas da estenose aórtica observados na população foram: angina (39%), síncope (35%), pré-síncope (26%), dispneia CF I e II (26%) e dispneia CF III IV (70%). Ao eletrocardiograma pósprocedimento, 13% dos pacientes evoluíram com BAVT. Não foram registrados casos de regurgitação aórtica ou mitral moderada ou grave após o TAVI. A sedação consciente foi adotada em 83% dos casos e a via de acesso transfemoral foi unanimidade. Em 48% dos procedimentos foram utilizadas valvas expansíveis por balão. A lesão renal aguda pós-procedimento ocorreu em 4% dos pacientes; e a implantação de marcapasso se sucedeu em 17% da amostra. Nenhum dos pacientes foi a óbito durante o procedimento, internamento ou após 30 dias. Conclusão: O grupo de pacientes estudado é composto de idosos com múltiplas comorbidades; em sua maioria mulheres de risco cirúrgico intermediário. Grande parte da amostra era sintomática, com manifestações compatíveis com estágios mais avançados dentro da história natural da EAo. O número de complicações apresentado, em geral, foi baixo. Desse modo, o estudo trouxe resultados importantes para enriquecer a literatura sobre a situação local do TAVI.