Análise do volume de implantação de vias de acesso para diálise antes e durante a pandemia de COVID-19 no estado da Bahia

Abstract

Introdução: A COVID-19 atraiu atenção de cientistas de todo o mundo no período de 2020 até meados de 2022, com isso, foram descobertos muitos acometimentos causados por esse vírus que vão além da clássica lesão pulmonar, como a predisposição para a formação de trombos, capaz de lesar estruturas do rim, e a lesão renal direta causada pelo vírus, com isso, o presente estudo visa investigar se houve um aumento dos métodos de viabilização de diálise durante o período pandêmico em relação ao anterior, levando em conta a grande incidência do vírus na população e a possibilidade de dano renal, investigando uma possível relação entre os eventos. Objetivos: Descrever a frequência dos procedimentos de diálise estudados ao longo dos anos de 2008 a 2022 no ambiente ambulatorial baiano do SUS e comparar a realização desses procedimentos nos anos de 2022, 2021 e 2020 com a incidência de 2019, 2018 e 2017. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, descritivo de série temporal que utilizou dados secundários oriundos do Sistema de Informações Ambulatoriais (SAI/SUS) por meio do TABNET com abordagem quantitativa, realizado no estado da Bahia, com dados acerca de procedimentos de diálise realizados no período de 2008 a 2022. Resultados: Ao total, foram realizados 115.546 procedimentos entre 2008 e 2022, sendo 6,5% cateteres de longa permanência, 30,1% fístulas e 63,3% cateteres duplo lúmen. Ao comparar o período de 2017 até 2019 e de 2020 até 2022, ocorreu uma diminuição de 2,9% na inserção de cateteres duplo lúmen, uma diminuição de 1,7% na confecção de fístulas e houve um aumento de 71% na implementação de cateteres de longa permanência, além disso, os gastos com tais procedimentos aumentou 7% quando comparados os dois períodos. Conclusão: Foi observada uma diferença de padrão importante entre o número de cateteres duplo lúmen inseridos e fístulas arteriovenosas quando comparados com os cateteres de longa permanência ao analisar os períodos considerados como pré-pandemia de covid em relação ao período considerado pandêmico, enquanto os dois primeiros procedimentos tiveram uma pequena redução de 2,9% e 1,7% respectivamente, o de longa permanência cursou com um incremento de 71% no número de implementações quando comparados os dois intervalos supracitados. É prudente, porém, aguardar os resultados de novos estudos acerca do comportamento estatístico dessas variáveis nos próximos dois anos, para então ter mais segurança ao relacionar a pandemia com esses achados, uma vez que esse aumento de 71% pode ser consequência de uma tendência nacional de aumento do uso desse método desde 2014.