Religiosidade e espiritualidade: pertencimento e prática do estudante de medicina, uma abordagem etnográfica

Abstract

Introdução: O presente trabalho é parte de um projeto maior que estuda relações entre religiosidade, espiritualidade e o campo da saúde. Essa pesquisa em particular investiga as relações entre religiosidade e espiritualidade, no campo da graduação em medicina. A Organização Mundial da Saúde e o Sistema Único de Saúde brasileiro, abordam a importância de promover o cuidado integral da pessoa o que inclui o corpo, a mente e a dimensão espiritual. Para discutir o pertencimento dessa dimensão espiritual, faz-se fundamental entender o posicionamento em relação a religiosidade e espiritualidade e a circulação dessa temática no campo formativo de futuros profissionais da saúde refletindo sobre suas relações com essa ideia de integralidade. Objetivo: Descrever a percepção de estudantes de medicina de uma escola de medicina privada no município de Salvador–BA sobre pertencimentos e práticas religiosas e de espiritualidade. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter descritivo, somado à análise de conteúdo e abordagem etnográfica. Utiliza-se da Roda de Conversa para coletar narrativas a partir de um espaço de encontro e escuta. Discussão: Ao decorrer dos encontros, os estudantes estabeleceram diálogos sobre religiosidade, espiritualidade; refletiram sobre conceitos das dimensões citadas, sobre definições que englobassem seus pertencimentos e práticas religiosas em uma palavra; apontaram raízes familiares para práticas religiosas. Além de uma atenção a experiências que costuram crença, prática religiosa e uma sensação de bem-estar. Considerações Finais: A percepção dos estudantes de Medicina quanto ao tema religiosidade e espiritualidade e seus pertencimentos é variada e plural. Há quem se relacione com conceitos de posicionamento religioso, há lugar para dizer algo diferente do que se pratica, há possibilidades plurais de crença e prática. Ademais, há um entrelaçamento recorrente entre os conceitos de religiosidade e espiritualidade, na prática diária, que produz aproximações não óbvias. Discute-se as contradições narrativas e formativas nesse campo e localiza-se a escuta como elemento fundamental à leitura desse campo destacando, de maneira crítica, a importância da construção do Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em medicina.