Punição parental em crianças com distúrbios miccionais

Abstract

Introdução: As Disfunções do Trato Urinário Inferior (DTUI) e a constipação em crianças são condições prevalentes que afetam não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e psicossocial. Diante dessas condições, práticas punitivas parentais podem surgir como uma resposta inadequada, exacerbando o estresse e a ansiedade nas crianças, potencializando os desafios de tratamento e diminuindo a qualidade de vida. Objetivo principal: Avaliar a associação entre punição parental e os sintomas de disfunção do trato urinário inferior e constipação em crianças. Além disso, descrever as características familiares e psicossociais de crianças com Disfunção do trato urinário inferior. Métodos: Um estudo observacional transversal foi conduzido com 151 pacientes pediátricos diagnosticados com DTUI, utilizando dados coletados no Centro de Distúrbios Miccionais da Infância. Foram utilizadas as escalas Dysfunctional Voiding Scoring System (DVSS) e Roma IV para avaliação da intensidade dos sintomas urinário e da constipação, respectivamente. A análise estatística foi realizada através do software SPSS versão 25.0 empregando testes de Mann-Whitney para variáveis numéricas e teste Qui-Quadrado para variáveis categóricas. Resultados: Dos pacientes estudados, 56,4% reportaram ter recebido algum tipo de punição. Foi observada uma associação significativa entre a presença de incontinência diurna e a aplicação de punições parentais (p=0,002), com 63,5% das crianças com esse sintoma sofrendo punições e a urgência-incontinência (p= 0,037). A análise indicou também uma correlação significativa entre a impaciência dos cuidadores e a adoção de práticas punitivas (p<0,0001), além disso, a interferência dos sintomas na vida social dos pacientes também foi relacionada à punição (p= 0,017). Conclusão: O presente estudo mostrou a associação entre sintomas urinários diurnos e a presença de punição parental, mostrando, portanto, a importância de intervenções educativas dirigidas a pais e cuidadores na melhora da qualidade de vida dos pacientes.