Obesidade em crianças e adolescentes expostos excessivamente a telas: uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: O incremento significativo da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes ao longo dos últimos anos e de suas complicações tem sinalizado a importância desse tema. Em sendo a obesidade uma doença multifatorial, cujo sedentarismo tem lugar especial, questiona-se o impacto da exposição diária a telas, superior a 2 horas, no desenvolvimento desse distúrbio. Objetivo: Determinar se a exposição a telas, acima de 2 horas por dia, está relacionada ao aumento da frequência de diagnósticos de obesidade infantil. Método: Foi realizada revisão sistemática da literatura utilizando-se a combinação dos descritores “screen time” e “pediatric obesity”, nas bases de dados PubMed, SciELO e LILACS. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais que abordam a influência do tempo excessivo de exposição a telas no aumento da frequência de obesidade em jovens, publicados em Português, Inglês ou Espanhol, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2020; cujos participantes tenham idades entre 6 e 18 anos. Resultados: Dos 531 artigos identificados, 5 cumpriram os critérios de elegibilidade. Dentre estes, 3 encontraram associação positiva entre o aumento do IMC e a exposição abusiva a telas, especialmente de televisores. Outros fatores, como a prática de atividade física de moderada a vigorosa intensidade e a presença de eletrônicos no quarto, atuaram como covariáveis nos estudos. Conclusão: A obesidade infantil é um problema de saúde pública em ascensão, que sofre influência de múltiplos fatores, inclusive genéticos e epigenéticos; sendo o uso de telas, possivelmente, mais um fator entre tantos. Não há evidência confirmatória de que o uso abusivo de telas impacte em obesidade mais frequentemente em meninas ou meninos; e novos estudos são necessários para maior esclarecimento acerca da potência de impacto do uso de cada dispositivo eletrônico com tela no ganho de peso.