Estudo descritivo dos achados psicopatológicos em usuários de esteroides anabolizantes androgênicos; uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: O uso disseminado de Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA) é uma preocupação global, com um aumento notável mesmo entre não atletas, levantando questões sobre implicações psicopatológicas. No entanto, a pesquisa nessa área, especialmente fora do contexto esportivo, é escassa. Novas investigações são cruciais para compreender as causas subjacentes e os riscos à saúde mental associados ao uso de EAA. Enquanto os danos físicos de tais drogas são amplamente documentados, os efeitos psicopatológicos ainda carecem de uma compreensão clara. Objetivos: O estudo visa caracterizar os achados psicopatológicos em usuários de EAA em ambos os sexos. E analisar o impacto dessas drogas em ambos os sexos. Metodologia: Esta revisão sistemática, sem metanálise, guiada pelo protocolo PRISMA. A busca abrange artigos publicados nos últimos vinte anos, em inglês, português e espanhol, nas bases MEDLINE/Pubmed e Scielo, por meio da elaboração de descritores booleanos condizentes com o tema da pesquisa. Os critérios de inclusão consideram estudos originais de ensaios clínicos e transversais em adultos sobre o uso de EAA e achados psicopatológicos. Revisões de literatura foram excluídas. Os artigos foram filtrados por título e resumo. Os dados extraídos incluem tipo de estudo, tamanho da amostra, características dos pacientes e achados psicopatológicos. A avaliação do risco de viés foi realizada para todos os estudos selecionados. Resultados: Após seleção, 9 artigos foram escolhidos. As características presentes, revela predominância de amostras masculinas (66,6%) e jovens com idade média de 27,2 anos. A maioria dos estudos envolveu atletas profissionais ou amadores (77,7%) e todos foram observacionais transversais. Os achados psicopatológicos comuns incluem transtornos de personalidade, dismorfia corporal, transtorno alimentar e ansiedade, com alguns estudos relatando depressão, dependência química e sintomas psicóticos. Instrumentos de avaliação variaram de acordo com o transtorno investigado, com escalas como SCID-I/SCID-II e HDRS sendo utilizadas para avaliar transtornos específicos. Discussão: A pesquisa sobre os efeitos psicopatológicos do uso de EAA apresenta uma lacuna significativa, especialmente fora do contexto esportivo. A predominância de estudos centrados no sexo masculino sugere uma falta de representatividade das experiências femininas e de pessoas não binárias nessa área. Isso pode levar a uma compreensão incompleta dos riscos associados ao uso de EAA. Embora transtornos comuns, como distúrbios de personalidade e dismorfia corporal, tenham sido identificados entre os usuários dessas drogas, a relação precisa entre o uso dessas substâncias e transtornos psicopatológicos ainda não está totalmente esclarecida. A diversidade de escalas utilizadas para avaliação reflete a complexidade desses transtornos, mas destaca a necessidade de mais pesquisas para uma compreensão abrangente. Conclusão: O uso indiscriminado de EAA tem proliferado globalmente, mesmo entre não atletas, gerando preocupações quanto às implicações psicopatológicas. Contudo, há escassez de estudos abordando essa questão, especialmente fora do contexto esportivo. Novas pesquisas são essenciais para elucidar as causas subjacentes, contribuindo assim para o avanço científico.