Perfil epidemiológico dos pacientes com MPOX. Salvador-Bahia. 2022-2023

Abstract

Introdução: A Mpox, doença que antes era restrita à algumas regiões da África como a República do Congo, teve seu primeiro caso fora da região, notificado em 7 de maio de 2022 e até fevereiro de 2024, já atingiu 117 países com 94.707 casos notificados. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes com Mpox em Salvador-Bahia no período de 2022-2023, descrevendo a tendência temporal e distribuição espacial por distrito sanitário, o perfil demográfico e social, fatores de risco e comorbidades e características clínicas, laboratoriais e evolução dos pacientes. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com utilização de dados secundários de pacientes com Mpox, confirmado através do PCR, de residentes na cidade. Os dados foram obtidos do Research Electronic Data Capture (REDCap) e do e-SUS-Sinan disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Salvador-Bahia. Os dados foram analisados quanto a sua distribuição absoluta e relativa e medidas de tendência central e dispersão. Foram utilizadas como variáveis, sexo, idade, raça/cor da pele, escolaridade, preferência sexual, sintomatologia, vacinação contra varíola humana, testes laboratoriais, hospitalização e tratamento. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública com o Parecer Consubstanciado de nº 6.215.369 em 02/08/2023. Resultados: Foram identificados 129 pacientes, dos quais 113 (87,6%) ocorreram em 2022 e 16 (12,4%) em 2023. A maioria era residente nos Distritos Sanitários de Barra/Rio Vermelho, 39 (30,2%), seguido de Brotas 15 (11,6%) e Boca do Rio,13 (10,1%). Foram mais afetados o sexo masculino 117 (90,7%) e a faixa etária de 21-39 anos, 92 (71,3%). Se identificaram como pardas, 54 (41,9%), brancas 32 (24,8%) e pretas, 22 (17,1%). Com relação a orientação sexual, a maioria, 93 (72,1%) se identificou como homossexual, nove (7,0%) como bissexuais e sete (5,4%) como heterossexuais. Sobre a escolaridade 70 (54,3%) possuíam ensino superior completo. Da sintomatologia, a erupção/lesão cutânea estava presente em todos os pacientes, febre em 79 (61,2%), cefaleia em 52 (40,3%), adenomegalia em 45 (34,9%) e lesão genital/anal em 38 (29,5%). Para o diagnóstico a maioria 68 (53,5%) realizou swab da secreção. De todos os pacientes, 92 realizaram teste para HIV, dos quais 41 (44,6%) testaram positivo. Conclusão: A Mpox é uma doença de importância em saúde pública, que envolve indivíduos em idade sexualmente ativa, principalmente homens que fazem sexo com homens. O quadro clínico é bastante exuberante e a contaminação ocorre pelo contato íntimo e próximo o que facilita a sua disseminação. Cabe ao poder público capacitação de profissionais de saúde para o atendimento adequado e vacinação contra o MPXV para a população vulnerável.