Associação entre disfunção endotelial e metabolômica em crianças e adolescentes com anemia falciforme

Abstract

A anemia falciforme é uma doença genética que pode lesionar todos os sistemas do corpo e que afeta a vida de milhares de brasileiros, além de provocar grandes custos socioeconômicos. Entender seus mecanismos fisiopatológicos é importante para o desenvolvimento de novos tratamentos e métodos de avaliação do prognóstico. Objetivo: testar a hipótese de que existe associação entre disfunção endotelial e o perfil de metabolômica em crianças e adolescentes com anemia falciforme. Metodologia: estudo de corte transversal analítico com a utilização de técnicas espectroscópicas de ressonância magnética nuclear unidimensionais para avaliar a composição metabolômica de crianças e adolescentes com anemia falciforme e sem hemoglobinopatias (60 indivíduos, 20 com anemia falciforme e disfunção endotelial, 20 com anemia falciforme e sem disfunção endotelial e 20 sem hemoglobinopatias) que foram submetidos a avaliação clínica e laboratorial. Resultados: a amostra foi constituída por 22 crianças e adolescentes com HbSS e disfunção endotelial, 24 com HbSS e sem disfunção endotelial, e 35 escolares saudáveis, que pertenciam ao grupo controle. Foi demonstrado que o perfil metabolômico do grupo anemia falciforme com disfunção endotelial diverge muito dos demais e, que, portanto, os biomarcadores metabolômicos “Choline containing”, “Sphinganine”, ““(LysoPC(20:4(8Z,11Z,14Z,17Z)/0:0)”, “D-Lactic acid” e “Proline” são, possivelmente, influenciados pela disfunção endotelial. Além disso, é sugestivo que os biomarcadores laboratoriais hemoglobina, hematócrito e leucócitos sofrem alterações de acordo com o endotélio disfuncional. Conclusão: Estes resultados fornecem uma forte evidência de uma assinatura metabólica para os indivíduos com anemia falciforme e disfunção endotelial. Espera-se que com estes achados seja possível direcionar futuras pesquisas para elucidar as alterações bioquímicas na anemia falciforme.