Perfil clínico e epidemiológico de pacientes com hamtsp em um centro de referência em Salvador

Abstract

Introdução: O HTLV-1 foi o primeiro retrovírus descoberto e estima-se que, em todo o mundo, vivam cerca de 10 a 20 milhões de pessoas infectadas com o vírus. Tal variedade na estimativa se explica pela grande escassez de dados epidemiológicos sobre a infecção pelo HTLV-1 no mundo, visto que se trata de uma infecção bastante marginalizada e negligenciada pelos órgãos de saúde tanto em âmbito mundial como nacional. Apesar de a maioria dos pacientes apresentarem infecções assintomáticas, o desenvolvimento de algumas comorbidades estão associados à sua infecção, estando entre essas complicações a mielopatia associada ao HTLV-1 ou paraparesia tropical espástica (HAM/TSP), que é a principal e mais prevalente. Nesse sentido, torna-se clara a necessidade de uma melhor compreensão sobre dados epidemiológicos envolvendo os portadores do vírus HTLV-1 e a incidência de paraparesia espástica tropical. Objetivo: Quantificar e caracterizar o comportamento epidemiológico e clínico da HAM/TSP nos pacientes infectados com o vírus acompanhados no Centro Integrativo Multidisciplinar de HTLV da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (CHTLV). Metodologia: Coorte histórica retrospectiva diagnóstica na qual foram incluídos os prontuários dos pacientes portadores do vírus HTLV-1 acompanhados no CHTLV no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2022, sendo considerado o desfecho interesse o diagnóstico de HAM/TSP nestes pacientes, baseados nos critérios de Castro e Costa. A incidência da patologia foi considerada a partir da data do prontuário em que constam os exames necessários para a caracterização do diagnóstico. Resutado: o trabalho realizou a triagem de 111 prontuários. Do total, 28 não foram elegíveis por não preencherem o critério de inclusão que exigia a presença de um resultado de pesquisa do vírus no LCR;. 9 prontuários foram retirados da amostra por conterem critérios de exclusão detalhados na metodologia da pesquisa; e 8 outros também precisaram ser excluídos por terem seus registros em status inativos sem registro no sistema. Ao final da triagem, foram selecionados 66 destes. Conclusão: a incidência de HAM/TSP nos pacientes foi de 61,2%, com predomínio alterações motoras nesses indivíduos, principalmente fraqueza em MMII e dificuldade para deambular, além de um maior acometimento da população negra e feminina, com início dos sintomas entre os 40 e os 49 anos, sendo o diagnóstico realizado principalmente entre os 50 e os 59 anos.