Avaliação da relação entre concentraçã fecal de bifidobacterium spp. E ácidos graxos plasmáticos em crianças do sertão da Bahia

Abstract

Introdução: A microbiota intestinal está relacionada a múltiplos efeitos metabólicos presentes no corpo humano, regulando as mais diversas cascatas de sinalização e influenciando no bem-estar e processo de saúde e doença. Ela é composta por diversos gêneros bacterianos, mas o que possui relações mais relevantes com o processo de saúde e adoecimento é o Bifidobacterium spp. (BIF). Os processos metabólicos regulados por essas bactérias sofrem influência do metabolismo de carboidratos não digeríveis que são fermentados no trato gastrointestinal, dando origem aos ácidos graxos, que juntamente com a microbiota, atuam modulando diversos processos como: regulação inflamatória, controle hormonal, produção de vitaminas, resistência insulínica e outros, tais quais possuem grande relevância clínica para os pacientes e são modificadores de desfecho, tornando a regulação da microbiota intestinal um provável alvo terapêutico futuro. Objetivo: analisar os dados coletados e descrever a relação entre a dosagem sérica de ácidos graxos (FAs) e concentração fecal de Bifidobacterium spp.. Métodos: 59 indivíduos, de 5 a 19 anos, sem diagnóstico prévio de doenças que possam interferir em seu estado nutricional, matriculados nos diversos níveis educacionais em escolas municipais em zona rural e urbana de quatro municípios do Sertão da Bahia, avaliados no início do ano letivo de 2019, sendo colhidas amostras de sangue (hemo e soro) e amostras fecais. A avaliação da abundância fecal de BIF foi feita pelo método de Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real. A análise do perfil de ácidos graxos séricos foi realizada por cromatografia gasosa. Resultados: maiores níveis dos ácidos graxos palmitoleico, linoleico e linolênico + oleico estão associados a maiores concentrações fecais de bifidobactérias, sendo observada melhora do padrão de ácidos graxos cardioprotetores com aumento da concentração fecal de BIF. Conclusão: os resultados comprovam a relação entre os ácidos graxos plasmáticos de cadeia média e longa e a concentração fecal de bifidobactérias, tornando ambos possíveis alvos terapêuticos para diversos distúrbios sistêmicos, principalmente no âmbito cardiovascular e metabólico.