Associação entre carcinoma hepatocelular e a doença hepática crônica gordurosa metabólica: um estudo transversal

Abstract

Introdução: A doença hepática gordurosa metabólica (DHGM) tem tido uma relação com o CHC cada vez mais evidente. A DHGM é uma doença espectral, podendo variar desde uma esteatose simples até casos de esteatose não alcoólica (NASH) cirrose e carcinoma hepatocelular. Obesidade, DM2, dislipidemia e síndrome metabólica são os principais fatores de risco para a DHGM. O carcinoma hepatocelular (CHC) é o câncer primário do fígado, sendo uma neoplasia derivada dos hepatócitos. Trata-se de um tumor de fígado agressivo, bastante comum e tem sua ocorrência relacionada à evolução de doenças crônicas hepáticas. Têm-se evidenciado um aumento da casuística do CHC relacionada à DHGM. São fatores de risco para o CHC, a presença de fibrose avançada e cirrose. A obesidade, DM2, são dois dos mais frequentes fatores associados à síndrome metabólica e são de risco para a DHGM. Estes dados refletem a íntima relação destas condições metabólicas com o CHC. Objetivos: Descrever a frequência de carcinoma hepatocelular em pacientes portadores de doença hepática crônica gordurosa metabólica (DHGM). Descrever o perfil clínico dos pacientes com CHC relacionados à DHGM. Comparar a frequência de HAS, dislipidemia, diabetes, e síndrome metabólica em pacientes com DHGM, com e sem CHC. Metodologia: Estudo transversal observacional descritivo procedente do ambulatório de hepatologia de um hospital público da região Nordeste. Abrangeu pacientes portadores DHGM com e sem carcinoma hepatocelular acompanhados no referido hospital. Foram excluídos casos de CHC associados a outros fatores de risco como vírus B e C, hemocromatose, álcool. Foram utilizados no diagnóstico de CHC critérios internacionais: nódulos observados em pelo menos dois métodos de imagem (USG, TC e/ou RNM, ou diagnóstico histológico). Também foram incluídos casos de CHC que apresentavam fatores de risco para DHGM ou critérios para síndrome metabólica. Resultados: Foram identificados 03 casos de CHC associados à DHGM. A média de idade dos pacientes foi de 59,6 anos para pacientes com CHC, sendo 100% do sexo masculino, 13,6% negros, 40,9% pardos. HAS foi observada em 100% dos pacientes com CHC, DM2 em 33,3%, dislipidemia em 33,3% e SM em 33,3% dos casos. Já nos pacientes sem CHC (22 casos), a média de idade foi de 58,4 anos, sendo 72,7% do sexo masculino, 13,6% negros, 40,9% pardos, 0% brancos e 40,9% não declararam cor. HAS em 36,3%, DM2 em 22,72%, dislipidemia em 13,6% e síndrome metabólica em 22,7% dos casos. Conclusão: Os pacientes com DHGM e CHC foram na grande maioria dos casos, do sexo masculino, idade avançada, cor parda e com alta frequência de HAS, DM2, DLP e síndrome metabólica. A frequência dessas variáveis em pacientes com DHGM foi muito mais significativa em pacientes com CHC do que em pacientes sem CHC. Pacientes com DHGM, portanto, possuem maior risco de desenvolver CHC, e, variáveis como sexo masculino, idade avançada, HAS, DM2, DLP e síndrome metabólica restam associadas a um risco aumentado de CHC. Dados evidenciaram a necessidade de políticas públicas e diagnóstico precoce para melhor controle e acompanhamento.