Análise da eficácia do uso de formaldeído no tratamento da retite actínica em pacientes: uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: As neoplasias malignas são cada vez mais prevalentes na prática clínica diária. Dentre elas estão as de localização pélvica, as quais possuem a radioterapia como a ferramenta terapêutica mais comum, essencial e com benefícios bem estabelecidos. No entanto, é importante observar que a terapia pode causar efeitos colaterais, em especial danos ao retossigmóide devido à exposição à radiação de órgãos e tecidos normais próximos ao tumor, um quadro conhecido como proctopatia actínica. Dada a incidência dessa condição e seu potencial impacto na qualidade de vida dos pacientes, é crucial que protocolos de tratamento eficazes já estejam estabelecidos. No entanto, ainda não existe um consenso amplamente aceito em relação a um tratamento padrão para essa condição, uma vez que várias modalidades terapêuticas estão disponíveis. Nesse contexto, a identificação da técnica mais eficaz e com menor impacto adverso para o paciente desempenha um papel fundamental na orientação de um tratamento de maior êxito, sendo que o uso do formaldeído emerge como uma abordagem promissora. Objetivo: avaliar a eficácia do formaldeído como agente terapêutico no tratamento da proctopatia actínica. Metodologia: O presente estudo é uma revisão sistemática da literatura através da estratégia PICO, elaborada a partir do protocolo Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions. Foi realizada uma busca de dados nas plataformas Ovid/Medline, Cochrane Central Register of Controlled Trials e PubMed, por meio da elaboração de descritores booleanos atinentes com o tema da pesquisa. Foram avaliados ensaios clínicos em inglês e português, sem restrição de data. Foram excluídos artigos que não se referiam ao tratamento com formalina, revisões sistemáticas, estudos em duplicata, ensaios clínicos não randomizados e relatos de caso. Resultados: Os artigos selecionados reúnem uma amostra de 250 pacientes. Os cânceres primários deles eram de colo de útero (67,6%), útero (9,2%), vagina (1,2%), próstata (21,6%) e origem desconhecida (0,4%) e a maioria dos participantes era do sexo feminino (78,4%). Foram comparados os tratamentos com formalina, em diferentes percentuais de concentração (4% e 10%), irrigação colônica e antibióticos orais, plasma de argônio e enema de retenção de sucralfato-esteróide. O formaldeído demonstrou eficácia comparável ao plasma. Em relação ao sangramento, superou o grupo irrigação, mas não se mostrou superior a outros sintomas. Em comparação ao Enema, o formaldeído obteve resultados superiores. Quanto a efeitos adversos, após o tratamento com formaldeído, alguns pacientes apresentaram desconforto anorretal, enquanto alguns pacientes do grupo irrigação apresentaram cólicas abdominais e náuseas. Conclusão: O formaldeído mostra boa eficácia no tratamento da proctopatia actínica, com resultados comparáveis ao plasma de argônio e superiores ao enema de sucralfato e esteroide. Em locais com recursos limitados, o formaldeído pode ser uma opção viável, especialmente quando os serviços de endoscopia são restritos. O enema de sucralfato não supera o formaldeído, e a irrigação colônica com antibióticos mostra promissora eficácia, embora mais pesquisas sejam necessárias para uma conclusão precisa sobre a melhor abordagem no tratamento da proctopatia actínica.