Desenvolvimento de uma proposta de exercícios físicos para controle de dor e fadiga em indivíduos pós covid-19 baseado em evidências

Abstract

INTRODUÇÃO: Momentos históricos são marcados por surtos de infecções virais. Ao final do ano de 2019, se iniciou a pandemia causada pelo novo Coronavírus, em que parte dos indivíduos infectados permanecem com um ou mais sintomas como a fadiga e a dor, que são comuns também após outras afecções virais. A prática de exercícios físicos é uma das principais estratégias para o controle destes sintomas. OBJETIVO: Desenvolver uma proposta de exercícios para dor e fadiga pós COVID19 baseado em evidências científicas. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo dividido em três etapas: [1] uma revisão sistemática, [2] um estudo metacientífico e, [3] uma proposta de exercícios. A revisão sistemática foi registrada na PROSPERO (CRD42021265174) e a coleta de dados foi realizada de julho de 2021 a janeiro de 2022. Na revisão, foram incluídos ensaios clínicos randomizados sobre a prática de exercícios, em indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos e diagnóstico de infecção viral associada à presença de dor ou fadiga por mais de três meses. Foi realizada a análise de risco de viés através da ferramenta Cochrane risk-of-bias tool for randomized trials 2 (Rob 2), a metanálise no software Review Manager (RevMan) e a avaliação da qualidade da evidência pela Grade of Recommendations Assessment Development and Evaluation (GRADE). Para a análise do ecossistema cientométrico e metacientífico, foi realizada uma análise qualitativa dos metadados e de informações em bases abertas. A partir destes dois estudos foi construída uma proposta de exercícios físicos para o controle de dor e fadiga pós Covid a ser apresentado à população no formato de cartilha com vídeo explicativo. RESULTADOS: Para compor a base científica do protocolo, incluiu-se 11 ensaios clínicos randomizados, em que a qualidade metodológica demonstrou em seis estudos como alto risco de viés, algumas preocupações em um estudo e os demais foram avaliados como baixo risco de viés. Na meta-análise foi demonstrado que não há diferença entre os grupos teste e sham, embora uma tendência a favor dos exercícios. Esse achado foi determinado principalmente pelos estudos com as populações de HIV e HTLV realizados com amostras pequenas e heterogêneas. No entanto, no estudo com a população de Chikungunya, se observou resultado a favor do grupo teste. A maioria dos estudos foi publicada no Brasil e Estados Unidos, entre 2014 e 2018, em revistas com boa visibilidade, com diferenças discrepantes entre os índices G e H dos autores. Além disso, apresentaram em sua maioria registro de pesquisa, cálculo amostral, fonte de financiamento e equilíbrio quanto ao tipo de conclusão. A proposta de exercícios inclui treino aeróbico e resistido, disposto em fichas, cada uma composta por sete exercícios, apresentados por descrição, imagens e QRCode que direciona para um vídeo com um passo a passo. CONCLUSÃO: Os exercícios físicos para o tratamento da fadiga em pessoas com infecções virais apresentam evidências com baixa confiabilidade, enquanto para o desfecho dor os exercícios resistidos apresentam evidências de confiabilidade moderada. A partir desses estudos, foi desenvolvida uma proposta de exercícios para o controle de dor e fadiga após COVID-19 embasado nas evidências científicas disponíveis, organizados em formato de cartilha virtual, que deve ser testado em um ensaio clínico futuro.