Supressão do artefato metálico na ressonância magnética (mavric-sl) no auxilio diagnóstico em pacientes com dor crônica pós-artroplastia de quadril e joelho

Abstract

Introdução: Artroplastias totais do quadril (ATQ) e do joelho (ATJ) são os procedimentos mais efetivos na resolução dos sintomas e restauração da função articular em casos de osteoartrites avançadas. O aumento na demanda por esses procedimentos tem levado a maior frequência de complicações, dor crônica, falha da prótese e cirurgia de revisão. O desenvolvimento de novas sequências na ressonância magnética (RM), a exemplo do MAVRIC-SL (multiacquisition with variable resonance image combination-selective), tem permitido melhor avaliação das interfaces com o implante e manejo mais assertivo das próteses dolorosas. Objetivo: Determinar associação entre reabsorção nas interfaces com a prótese, através de sequências MAVRIC-SL na RM, e a gravidade clínica dos pacientes submetidos a artroplastias do joelho e quadril; descrever as áreas mais frequentemente acometidas pela reabsorção óssea em cada componente das próteses; determinar a concordância intra e interobservador no diagnóstico de soltura parcial dos componentes protéticos e comparar membrana fibrosa e osteólise no contexto de soltura parcial. Materiais e Métodos: Foi realizado estudo transversal entre março de 2019 e agosto de 2020, com 47 pacientes (49 articulações) em acompanhamento pós-operatório de artroplastias de joelho ou quadril, com dor crônica após 03 meses da cirurgia, que responderam ao questionário WOMAC (Western Ontário and McMaster Universities Index). As interfaces dos componentes das artroplastias foram definidas como: osteointegração, soltura parcial (reabsorção do tipo membrana fibrosa ou osteólise) ou não diagnósticas. Foram utilizados o teste U de Mann-Whitney para comparar a média do escore WOMAC entre os grupos próteses osteointegradas versus soltas, bem como o teste de Spearman para avaliar correlação entre o número de interfaces da prótese comprometidas e a gravidade clínica. Resultados: Quando o critério de soltura é baseado apenas na presença de osteólise, existe diferença significativa nas médias do WOMAC (p=0,010). Quando o critério de soltura inclui osteólise e membrana fibrosa, não há diferença entre os grupos, exceto no subdomínio rigidez (p=0,026). As imagens obtidas pelo MAVRIC-SL demonstraram fraca correlação entre número de zonas de osteólise e a gravidade clinica, na maioria das análises. No quadril, houve predomínio de reabsorção (osteólise) na região femoral proximal (Zonas 1, 7, 8, 13 e 14 de Gruen), correspondendo a 53,2% do total. No joelho, as zonas mais acometidas por reabsorção (membrana fibrosa) foram as relacionadas aos platôs tibiais e sua haste (Zonas 1, 2, 3, 4 e 5), correspondendo a 64,3% do total. Houve concordância substancial interobservador para a maioria dos componentes (ATQ: acetábulo com k=0,72 e fêmur com k=0,77; ATJ: tíbia com k=0,72). A análise intraobservador demonstrou concordância moderada e substancial para a maioria dos componentes (ATQ: acetábulo com k=0,57 e fêmur com k=0,64; ATJ: fêmur com k=0,76 e tíbia com k=0,62). Conclusão: A RM com sequências MAVRIC-SL demonstrou que nessa amostra, constituída por próteses do tipo metal-metal, a caracterização de osteólise periprótese pode ter papel importante como causa da queixa clínica e perda funcional articular, com substancial reprodutibilidade intra e interobservador. Na ATQ, a soltura parcial ocorre principalmente na parte proximal do componente femoral, enquanto na ATJ ocorre principalmente na região dos planaltos e haste do componente tibial.