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Title: Análise das infecções bacterianas no paciente cirrótico crítico
Authors: ROCHA, Mário de Seixas
BITTENCOURT, Paulo Lisboa
ANDRADE, Antônio Ricardo Cardia Ferraz de
CRUZ, Constança Margarida Sampaio
FEITOSA FILHO, Gilson Soares
D'OLIVEIRA, Ricardo Azevedo Cruz
Keywords: Cirrose hepática
Infecções bacterianas
Morbidade
Mortalidade
Unidade de Terapia Intensiva
Issue Date: 2021
Publisher: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Abstract: Introdução: infecções bacterianas ocorrem em 43%-59% dos pacientes com cirrose hepática admitidos nas unidades de terapia intensiva (UTI) e relacionam-se à maior morbimortalidade. Recentemente, tem sido descrito um aumento na frequência de bactérias multidroga resistentes (MDR) ou com resistência de espectro estendido (XDR) em infecções acometendo pacientes com cirrose com impacto adverso na sobrevida. Objetivos: descrever as características das infecções comunitárias (IC), relacionadas aos cuidados de saúde (IRCS) e hospitalares (IH) em cirróticos admitidos em UTI; investigar a frequência de lesão renal aguda (LRA), síndrome hepatorrenal (SHR), insuficiência hepática crônica agudizada (IHCA), sepse e mortalidade nos pacientes cirróticos com infecção bacteriana, e avaliar as variáveis independentes potencialmente preditoras da mortalidade intra-hospitalar. Métodos: foram analisadas retrospectivamente 784 internações de pacientes com cirrose descompensada, em uma UTI, no período de janeiro de 2012 a junho de 2018. Foram incluídos no estudo todos os pacientes cirróticos que apresentaram infecção durante o internamento. As infecções foram categorizadas, conforme o local de aquisição, como IC, IRCS e IH. Foi avaliada frequência, topografia e perfil microbiológico das infecções assim como o impacto na morbimortalidade hospitalar. Resultados: 374 infecções bacterianas foram observadas em 285 internações referentes a 203 pacientes cirróticos (147 homens, idade média 67+11 anos, ChildPugh 11+2 e MELD 23+8). A etiologia principal foi a doença alcoólica do fígado (n=68, 33%). As infecções foram classificadas como comunitárias (n=81, 22%), relacionadas aos cuidados de saúde (n=129, 34%) e hospitalar (n=164, 44%). 89 (54%) das infecções hospitalares foram caracterizadas como reinfecções. As culturas foram positivas em 61% dos casos. As bactérias gram-negativas foram os isolados mais comuns (73%), principalmente Klebsiella pneumoniae (31%). Peritonite bacteriana espontânea, infecção do trato urinário, e pneumonia foram as principais infecções encontradas (respectivamente em 32%, 23% e 14%). Sepse e choque séptico foram observados respectivamente em 53% e 42% dos casos e as bactérias MDR e XDR em 35% e 16% das internações. Infecções relacionadas aos cuidados de saúde e hospitalares apresentaram maior frequência de bactérias MDR (31% nas IRCS e 41% nas IH vs. 20% nas IC, p=0,05) e XDR (17% nas IRCS e 19% nas IH vs. 6% nas IC, p=0,20). A presença de lesão renal aguda foi observada de maneira semelhante entre pacientes com infecções relacionadas aos cuidados de saúde e hospitalar (respectivamente 50% vs. 46%, p=0,40) assim como a ocorrência de IHCA (respectivamente 50% vs. 46%, p=0,50). Sepse e choque séptico foram observados principalmente nas infecções hospitalares em relação às comunitárias (respectivamente 54% e 46% vs. 27% e 16%, p<0,01). As infecções hospitalares apresentaram maior mortalidade (48% vs. 25% nas IRCS e 19% nas IC, p<0,001). Infecção nosocomial (OR 3,64) e associada aos cuidados de saúde (OR 2,30) foram variáveis independentes potencialmente preditoras de mortalidade hospitalar. Conclusões: o estudo evidenciou que as IRCS apresentaram desfechos clínicos e perfil microbiológico semelhantes com as IH e, portanto, devem ter a mesma abordagem terapêutica no tratamento dos pacientes cirróticos. As IRCS e IH apresentaram frequência mais elevada de bactérias MDR / XDR e óbito.
URI: https://repositorio.bahiana.edu.br:8443/jspui/handle/bahiana/7638
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