Inclusão social pelo trabalho: percepções da primeiraexperiência de emprego em jovens de baixa renda

Abstract

Introdução: apesar de estar presente em diversas fases da vida e em todos os grupos sociais, a experiência profissional pode assumir um papel central para o jovem de baixa renda, por se tratar de uma vivência que o insere em um locus passível de mudanças em diversas esferas. Objetivo: propor um modelo cognitivo/explicativo que represente as mudanças que podem ser incorporadas à vida de jovens de baixa renda, a partir de sua primeira experiência de emprego formal. Método: estudo descritivo, de corte transversal e de abordagem qualitativa. A amostra do estudo foi composta por 25 jovens beneficiários do Programa Primeiro Emprego, que participaram de grupos focais on-line. Nos grupos, os jovens foram convidados a refletir e, de forma interativa,pensar sobre os impactos da primeira inserção profissional em suas vidas profissionais e pessoais. Para a análise, as falas foram inicialmente categorizadas por meio da análise de conteúdo temática e, em seguida, visando uma sistematização e o estabelecimento de uma relação entre as categorias adotadas, foi utilizada a técnica do mapeamento cognitivo. Resultados: a partir da análise das falas dos jovens de baixa renda que participaram dos gruposfocais, percebeu-se que uma primeira experiência de trabalho formal, socialmente reconhecida, está imbricada por um objetivo central, que é, ter uma profissão. A partir desse ponto de partida,foram identificados 29 núcleos de sentidos, que foram distribuídos em torno da tríade indivíduo- trabalho-sociedade. Entre as mudanças pessoais percebidas, destacam-se a valorização e o crescimento pessoal, assim como questões financeiras. Nas mudanças laborais, o aumento da empregabilidade como resultado da maior qualificação profissional e das novas habilidades técnicas adquiridas foi amplamente citado. Por fim, no que diz respeito às mudanças sociais, apercepção de alteração do status social ficou evidente. Considerações Finais: a maioria das mudanças observadas foram positivas e indicaram um aumento na qualidade de vidia dos jovensde baixa renda. Conclui-se, portanto, que para uma mudança do sistema é necessária uma transformação da realidade laboral dos seus atores.