Causas de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida num hospital de referência um sub estudo do projeto EPICO

Abstract

INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica complexa. Caracterizada pela incapacidade do coração em bombear sangue de forma a atender as necessidades metabólicas teciduais, ou fazendo-as às custas de elevadas pressões de enchimento, essa síndrome tem-se tornado cada vez mais frequente na população brasileira, sobretudo pelo envelhecimento da população e pelos baixos investimentos em saúde. Assim tornou-se necessário um maior conhecimento sobre a IC, de modo a minimizar as desigualdades no acesso aos serviços de saúde e aliviar causas removíveis e tratáveis de IC da população brasileira, visando o melhor prognóstico possível. OBJETIVO: Descrever as causas de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) num hospital terciário do Sistema Único de Saúde. MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo transversal, unicêntrico, com população de pacientes com fração de ejeção reduzida que foram internados no Hospital Ana Nery no período de 2016 a 2019. Este trabalho é um subestudo de um projeto maior chamado “EPICO” – Estudo Para Identificação das Causas Tratáveis na Insuficiência Cardíaca -, que originalmente é uma coorte observacional, longitudinal e prospectiva vinculado à estratégia de melhoria da assistência a pacientes com ICFER. RESULTADOS: Foram internados 411 pacientes com ICFER no Hospital Ana Nery entre 2016 e 2019. As etiologias mais comuns foram as de origem Isquêmica (32,4%), Chagásica (17,8%), Valvular (17,8%) e Hipertensiva (10,5%). O perfil hemodinâmico mais prevalente em todas as etiologias analisadas foi o perfil B (Quente e Úmido), assim como a CF III da NYHA foi a classe funcional de maior preponderância e o IECA/BRA/Sacubitril-Valsartana o medicamento mais utilizado durante o internamento. Na etiologia Chagásica, a comorbidade mais comum foi a hipertensão arterial sistêmica (HAS) (50,7%), a FEVE média foi de 28% e cerca de 24,7% tiveram óbito hospitalar. Na etiologia Isquêmica a comorbidade mais comum foi a HAS (91,7%), a FEVE média foi de 32% e cerca de 10,5% tiveram óbito hospitalar. Na etiologia Valvular a comorbidade mais comum foi a HAS (58,9%), a FEVE média de 36% e cerca de 23,3% tiveram óbito hospitalar. Na etiologia Hipertensiva a comorbidade mais comum foi a HAS (97,7%), a FEVE média de 30% e cerca de 9,3% tiveram óbito hospitalar. CONCLUSÃO: Conclui-se que as internações por insuficiência cardíaca no período analisado se concentraram em pacientes do sexo masculino, de etiologia Isquêmica, com perfil hemodinâmico B (Quente e Úmido), sendo a maior prevalência de óbito hospitalar entre os pacientes de etiologia Chagásica. Dessa forma, é peremptório a identificação e o tratamento precoces das etiologias que permeiam a ICFER de forma a reduzir a morbidade e a mortalidade dessa doença.