Associação entre índice de adiposidade visceral e níveis de pressão arterial sistólica e diastólica em um ambulatório docente-assistencial

Abstract

Introdução: O acúmulo adiposidade visceral é um fator crucial para a progressão da hipertensão e ocorrência de Doenças Cardiovasculares(DCV). O Índice de Adiposidade Visceral (VAI) propõe uma avaliação precisa da adiposidade, através de cálculo com fatores antropométricos(Circunferência da cintura e IMC) e bioquímicos (Triglicérides e HDL). Objetivo: Avaliar a associação entre VAI e níveis de pressão arterial sistólica e diastólica em um ambulatório docente assistencial. Métodos: Trata-se de estudo analítico transversal realizado entre outubro de 2022 e fevereiro de 2023. As variáveis analisadas foram: VAI, pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica(PAD), ocorrência de DCV em HARA e o controle ou não da PA, dados sociodemográficos, clínicos e comorbidades, exames laboratoriais e complementares. Coletaram-se dados em prontuários, após aceite do termo de consentimento, de 48 pacientes. Os dados antropométricos e PA foram aferidos em consultório quando ausentes nos prontuários. Incluíram-se no estudo, os pacientes que tinham diagnóstico de hipertensão, maiores de 18 anos, atendidos em ambulatório docente-assistencial, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e, excluídos, aqueles com investigação ou diagnóstico de hipertensão secundária, com limitações psiquiátricas e/ou cognitivas graves, gestantes, com distrofias corporais e hérnias abdominais, e ausência dos fatores necessários para o cálculo do VAI. Permaneceram no estudo 37 pacientes após critérios de exclusão. Na estatística descritiva, as variáveis com distribuição normal foram expressas em média e desvio padrão e as com distribuição não normal em mediana e intervalo interquartil. Um erro tipo alfa <0,05 foi considerado para significância estatística. Resultados: Encontrou-se, através da correlação de Spearman, uma significância estatística, porém fraca, entre o VAI e a PA sistólica (ρ=0,34; p=0,03). Dos pacientes com HARA, 62,5% possuíram histórico de DCV, com maior frequência de insuficiência cardíaca (18,7%). Pelo teste de Mann-Whitney não houve significância estatística entre VAI e o controle ou não da PA(U=87,000; p=0,06), e com a HARA (U=131,000;p=0,25). Conclusões: Nota-se que houve uma associação positiva entre VAI e PAS. Logo, infere-se que maiores concentrações de adiposidade visceral proporcionam altos valores sistólicos, o que se relaciona com os achados na literatura acerca do índice e a PA. Além disso, encontrou-se uma importante frequência de DCV e cardiopatias em HARA, o que revela os efeitos cardíacos e/ou vasculares com a progressão da hipertensão. Não houve associação entre o VAI e a HARA bem como, com o controle ou não da PA, e isto, pode ser efeito do baixo tamanho amostral de indivíduos com HARA, necessitando estudos com maiores amostras. Tais resultados corroboram para o aumento de evidências na associação adiposidade visceral e hipertensão arterial, bem como aplicabilidade do VAI no meio clínico. Deste modo, o estudo contribui para a literatura e auxilia a promoção de uma melhor abordagem à saúde partir dos resultados encontrados.