Eficácia do uso de haloperidol para a prevenção de delirium em pacientes críticosuma revisão sistemática

Abstract

Introdução: O Delirium é uma condição neuropsiquiátrica confusional aguda caracterizada pela disfunção cognitiva global. Esse distúrbio está associado a maiores índices de mortalidade, sobretudo em pacientes críticos. Nesse sentido, o uso profilático de Haloperidol corresponde a uma conduta farmacológica usualmente realizada, ainda que não haja consenso na literatura sobre a relevância dessa medida. Assim,compreender a eficácia desse medicamento é fundamental para guiar intervenções que reduzam a ocorrência desse estado confusional e promovam melhores prognósticos aos indivíduos. Objetivo: Sumarizar as evidências científicas existentes na literatura acerca da eficácia do uso do Haloperidol para a prevenção de Delirium em pacientes críticos. Metodologia: O presente estudo é uma revisão sistemática da literatura,guiada pelo protocolo PRISMA. Foi realizada uma busca de dados nas plataformas PUBMED/MEDLINE, Lilacs e Scielo, através da elaboração de descritores e da utilização de operadores booleanos condizentes com o tema da pesquisa. Os estudos foram avaliados por um revisor. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados eestudos observacionais publicados desde janeiro de 2012 até dezembro de 2022. Artigos publicados há mais de 11 anos, relatos de caso, revisões sistemáticas e estudos em duplicata foram excluídos. A qualidade dos artigos foi avaliada por meio da Cochrane Risk Of Bias Tool 2.0. Resultados: Os estudos selecionados reuniram uma amostra de 3994 pacientes, de forma que 1885 compuseram o grupo em que a intervenção ocorreu (utilização do haloperidol) e 1509 o grupo controle (Placebo). A média total de idade dos pacientes foi de 69,9 anos ± 11,0 anos. No grupo intervenção (1885), 538 pacientes manifestaram Delirium, correspondendo acerca de 28,5% do total do grupo e 13,4% do total de indivíduos. Já no grupo placebo (1509), 409 pacientes manifestaram esse quadro, representando cerca de 27,1% do total do grupo e 10,2% do total de indivíduos. A média total de duração do Delirium correspondeu a 4,3 dias, com uma média de 5,6 dias no grupo intervenção, e 2,7 dias no grupo placebo. O tempo de permanência médio no hospital foi de 12,2 dias no grupo intervenção e 8,5 dias no grupo placebo. Efeitos adversos significativos não foram associados ao uso do Haloperidol Conclusão: Não houve diferenças relevantes entre os grupos intervenção e placebo. O haloperidol não diminuiu a incidência, a duração do delirium e o tempo de permanência nos hospitais além de não reduzir significativamente o tempo de permanência nas unidades intensivas. São necessários mais ensaios clínicos randomizados e estudos para o estabelecimento da melhor conduta de profilaxia do delirium em pacientes críticos.