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Título : É tudo pra ontem: práticas médicas desenvolvidas para saúde mental da população negra nos caps-ad em salvador-ba.
Autor : Cruz, Yreza Carolle Soares da
Palabras clave : Saúde Mental
Psiquiatria
População Negra
Racismo
Atitudes e Práticas em Saúde
Fecha de publicación : 2022
Resumen : Introdução: Perante um contexto de movimentos sociais que surgiram no Brasil na década de 70 com caráter de questionamento e denúncias contra as negligências do Estado brasileiro, inicia-se no país a construção de uma Reforma Psiquiátrica, processo político comprometido com a formação de uma sociedade sem manicômios e engajado na luta pelos direitos dos trabalhadores e, portanto, contra o racismo. Afinal, além de ser um determinante social de saúde, o racismo foi o meio pelo qual a Psiquiatria buscou justificar sua atuação, afirmando a relação entre raça e loucura. Tomando esse princípio como norte, ao longo da história, o saber psiquiátrico propiciou um solo fértil para a elaboração de políticas de exclusão e genocídio da população negra, que hoje marcada pelo racismo, apresenta números elevados de iniquidades, dentre elas, destaca-se o uso abusivo de drogas. Objetivo: O presente estudo busca analisar as práticas assistenciais desenvolvidas por médicos(as) para a saúde mental da população negra nos Centros de Atenção Psicossocial- Álcool e Drogas (CAPS-AD) do município de SalvadorBA. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, na qual os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com médicos(as) que atuam nos CAPS-AD de Salvador. Os encontros ocorreram por meio da plataforma digital, Zoom.US e presencialmente, variando a depender da preferência dos profissionais. As entrevistas foram gravadas, transcritas e os dados coletados foram submetidos ao método de análise de conteúdo. Resultados e discussão: Dos CAPS-AD que abrangem administração da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, todos os médicos(as) foram entrevistados, totalizando 4 profissionais, 2 de cada serviço. A partir das entrevistas, emergiram 7 categorias temáticas, nomeadamente: Práticas de cuidado, na qual trouxe à tona elementos terapêuticos importantes como a redução de danos, as oficinas, a equipe multiprofissional, as redes de atenção e o papel da família na construção do cuidado, sendo cada um destes analisados como subcategorias; Perfil dos usuários do CAPS-AD, revelando a percepção por parte dos profissionais da raça/cor predominantemente negra nos consultórios; Impacto do racismo; A cor de Salvador; Mito da democracia racial; Desconhecimento acerca das demandas de saúde da população negra; e Desconhecimento acerca de Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, categorias que se entrelaçam e explicam como as práticas médicas desenvolvidas pelos profissionais corroboram para a manutenção do racismo nos serviços de saúde. Considerações finais: Os médicos(as) que participaram da pesquisa trouxeram recursos de cuidado utilizados nos CAPSAD que são inegavelmente essenciais para a assistência aos usuários dos serviços. No entanto, o que fica evidente nos discursos é que esses instrumentos de cuidado não passam por uma perspectiva racializada, uma vez que o mito da democracia racial ainda opera de tal forma no imaginário coletivo dos profissionais, que a ideia de um Brasil universal e igualitário escamoteia o racismo e as demandas específicas da população negra. Assim, atitudes e práticas médicas em saúde mental que sejam sincronizadas com as reais necessidades da população negra no país se tornam um grande desafio para a saúde pública.
URI : https://repositorio.bahiana.edu.br:8443/jspui/handle/bahiana/6887
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