Estudo comparativo das características e do prognóstico de pacientes com infarto agudo do miocárdio complicado por choque cardiogênico no período pré e pandêmico de covid-19. Salvador-Bahia. 2019-2020

Abstract

INTRODUÇÃO: O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a principal síndrome coronariana e possui inúmeras complicações. Dentre elas, o Choque Cardiogênico (CC) desponta com uma das que possui maior gravidade, e terapia de reperfusão no menor tempo possível após o diagnóstico do IAM é a medida mais eficaz de reduzir a sua ocorrência. A COVID-19, além de ocasionar consequências diretas, sobretudo para o sistema respiratório, impactou fortemente sobre os Sistema de Saúde do mundo, ocasionando remanejamento de recurso humano, logístico e financeiro para o enfrentamento da pandemia, resultando assim em numa grande sobrecarga para o setor e culminando com insuficiências para o atendimento de outras demandas de saúde da população. OBJETIVOS: Comparar o perfil clínico-epidemiológico e o prognóstico de pacientes hospitalizados no HSI com IAM complicado por CC, no período pré e pandêmico da COVID-19. MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo com coleta retrospectiva de dados pacientes consecutivos, internados em um hospital terciário em salvador, no período de 1º março de 2019 a 28 de fevereiro de 2021, com diagnóstico de IAM e que desenvolveram choque cardiogênico. A variável de interesse foi evolução para óbito e a variável de exposição o período do internamento, período pré-pandêmico ou período da pandemia. As variáveis categóricas foram descritas através das medidas de frequência simples, e as variáveis contínuas com distribuição normal foram utilizadas médias e seus respectivos desvios padrões. Para a análise comparativa, univariada, das variáveis categóricas, entre o período da pandemia e o período pré-pandêmico, foi utilizado o teste do qui quadrado de Pearson. Para variáveis contínuas foi utilizado o teste T de Student não pareado. O nível de um valor de p<0,05. Para a análise foi utilizado o software estatístico STATA, versão 14. RESULTADOS: O estudo incluiu 40 pacientes com o diagnóstico de IAM e que evoluíram para CC. Destes, 18 (45%) foram identificados no período pré-pandemia, e 22 (55%) foram incluídos no grupo pandêmico. Destes 22 pacientes, apenas um testou positivo para COVID-19. Não foram observas diferenças estatisticamente significantes na comparação entre os grupos, e nem mesmo na taxa de mortalidade quando comparados os períodos pré-pandêmico e pandêmico (44,44 vs 50,00%, respectivamente, p=0,726). Todavia, nos pacientes com IAM com supradesnível de ST, o tempo porta balão, medido em minutos, apresentou aumento expressivo no período pandêmico (92,37 vs 253,12), ainda que sem signicância estatística (p=0,212). CONCLUSÃO: Este estudo não mostrou impacto da pandemia de COVID19 sobre a mortalidade hospitalar em pacientes com IAM complicados por CC na população estudada. O perfil clínico-epidemiológico de pacientes também não diferiu entre os grupos pré-pandemia e pandemia. Entre os pacientes com IAM com supra de ST, foi observado um aumento, ainda que sem significância estatística, no intervalo porta balão durante o período pandêmico em relação ao período pré-pandêmico.