As consequências do uso de drogas de abuso durante a gestação e puerpério: uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: O consumo de drogas no Brasil vem se tornando um problema de saúde pública, pois tem ocasionado aumento de ocorrências sociais indesejáveis, sobretudo no que tange ao Sistema Único de Saúde (SUS). O uso de substâncias (lícitas e ilícitas) também passou a se fazer presente em mulheres em idade reprodutiva, se tornando grande responsável pelo comprometimento da saúde materno-infantil e pelo aumento de ocorrências desagradáveis durante a gestação. Dessa maneira, é de extrema importância saber sobre as principais manifestações sistêmicas decorrente da exposição precoce a drogas de abuso, sobretudo no período embrionário e puerperal para que políticas efetivas de conscientização possam ser discutidas. Objetivo: Analisar quais são as principais consequências sistêmicas para o feto/bebê após uso de drogas de abuso durante gestação e puerpério. Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática, utilizando as bases de dados MEDLINE/PubMed e Scielo. Foram incluídos estudos nas línguas inglesa, portuguesa ou espanhola, que contemplam indivíduos de 0 a 18 anos, cujo genitoras fizeram uso de drogas de abuso na gestação e/ou puerpério. Para análise da qualidade metodológica e risco de viés dos artigos selecionados, foram utilizados, respectivamente, os checklists STROBE e a Newcastle-Ottawa. Resultados: Três artigos, com um total de 2.210 participantes, foram elegíveis para essa revisão, sendo uma coorte longitudinal, um prospectivo e uma coorte transversal. Todos os estudos demonstraram que crianças expostas as drogas apresentaram alterações nos parâmetros neuropsicológicos, funcionais e físicos, quando comparados as crianças não expostas. No entanto, apenas um estudo apresentou boa qualidade metodológica (Furtado e Roriz), com baixo risco de viés, embora tenha apresentado falhas na comparabilidade e nos resultados. Conclusão: Crianças expostas ao uso de drogas de abuso durante o período fetal ou puerperal apresentam uma maior frequência de alterações dos parâmetros neuropsicológicos, funcionais e físicos. A respeito destes achados, são necessários mais estudos com qualidade metodológica alta, permitindo uma maior comparação dos resultados.