Oxigenoterapia conservadora versus liberal em pacientes ventilados mecanicamente: uma revisão sistemática com metanálise

Abstract

Introdução: O uso de oxigênio suplementar, referente protocolo de oxigenoterapia liberal, pode causar danos em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Assim, uma modalidade de oxigenoterapia conservadora, com níveis mais restritos de oxigênio surge como uma possível alternativa para redução de mortalidade em um crescente número de estudos. Objetivos: Sumarizar evidências acerca da mortalidade de pacientes em ventilação mecânica submetidos oxigenoterapia conservadora em comparação àqueles submetidos a oxigenoterapia liberal e apresentar informações sobre o impacto dessas em desfechos como tempo de internamento na UTI, dias livres de ventilação mecânica (VM) e piora da função pulmonar. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos randomizados através da busca nas bases de dados MEDLINE/PubMed, Embase, Cochrane Library, Lilacs/bvs, PEDro e Sciencedirect. A avaliação da qualidade metodológica se deu com uso da escala Risk of bias tools (Rob2) e do sistema Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE). A estimativa de efeito da mortalidade foi expressa com Risco Relativo e Odds Ratio, enquanto a das outras variáveis foi expressa por meio da diferença de média entre os grupos. A metanálise dos dados foi realizada com o software Review Manager versão 5.3 (Cochrane Collaboration). Resultados: Foram incluídos 15 ensaios clínicos randomizados. Estudos individuais sugerem que não há diferença entre os grupos em relação à mortalidade, ao tempo de permanência em UTI e aos dias livres de ventilação mecânica. Na metanálise, a oxigenoterapia conservadora não mostrou diferença significante na mortalidade, quando comparada a oxigenoterapia liberal (1,01 m 95% IC: 0,94 a 1,08; N = 5864). Também não houve diferença significante na mortalidade na análise de subgrupo de ventilação invasiva (1,02 m 95%: 0,91 a 1,15; N = 2009) e de ventilação invasiva e não invasiva (1,00 m 95%: 0,92 a 1,08; N = 3855). Conclusão: Não houve redução significante na mortalidade dos pacientes submetidos ao protocolo de oxigenoterapia conservador em comparação ao liberal.