Efeito de um programa de educação em saúde em indivíduos com dor crônica um ensaio clínico randomizado

Abstract

Para o controle da dor crônica (DC) preconiza-se uso de abordagens multidimensionais, como programas de educação em saúde que demonstram efeitos superiores a outras intervenções. Diferentes métodos para realizar o processo educativo na saúde têm sido adotados, e através de cartilhas educativas, pessoas com DC podem adquirir conhecimento sobre a dor, ajudando a minimizar sintomas e aumentar eficácia de tratamentos. Objetivo: Avaliar efeito de um programa de educação em saúde em indivíduos com dor crônica, utilizando a cartilha EducaDor, elaborada em parceria entre Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). Metodologia: O estudo foi realizado em duas etapas. A 1ª etapa consistiu em estudo de validação da cartilha EducaDor no Ambulatório de Dor do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da UFBA. Para esta validação foram formulados e aplicados questionários em amostra de pacientes com DC e profissionais de saúde com experiência na assistência a esse perfil de pacientes. Foi utilizado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) por itens considerando um escore maior ou igual a 80%. A 2ª etapa consistiu em um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) com pessoas que apresentavam DC em comunidade adscrita às USF Pituaçu e Parque de Pituaçu, Salvador, Bahia. Resultados: Para o processo de validação da cartilha foram entrevistados 60 pacientes e seis profissionais. Todos os seis domínios avaliados na cartilha obtiveram escore do IVC, por itens, maior que 80%, sendo que a taxa global do IVC por itens dos domínios avaliados pelos pacientes foi de 88% enquanto que para os profissionais foi de 92%. A amostra no ECR foi composta por 08 indivíduos no grupo controle e 08, no teste, totalizando 16. Nos indivíduos do grupo controle houve aumento na intensidade da dor e referiram dor mais intensa no momento da reavaliação (p<0,05). Além disso, na reavaliação, os indivíduos referiram que a dor estava interferindo com mais intensidade na atividade geral, habilidade de caminhar e trabalho. Com relação ao grupo teste, foi observada redução nos níveis de dor, menor interferência nas questões do cotidiano e no relacionamento com outras pessoas (p=0,042). Observou-se, na comparação intragrupo, que a dor se tornou mais intensa no grupo controle no momento da reavaliação (p=0,034) e, na comparação intergrupo, que o grupo teste apresentou dor menos intensa do que o grupo controle (p=0,038). No que se refere aos domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, relacionados à qualidade de vida, no grupo controle foi percebida uma discreta piora no físico, enquanto que no grupo teste só não se observou melhora, neste mesmo domínio. Conclusões: A cartilha EducaDor mostrou-se válida para a educação de pacientes com dor crônica, com eficácia no controle e redução da intensidade da dor e da piora das condições de saúde e qualidade de vida das pessoas acometidas.