Preditores de integração na comunidade em indivíduos após avc: estudo longitudinal

Abstract

INTRODUÇÃO: A magnitude do acidente vascular cerebral (ACV) se dá não apenas pela sua letalidade, mas, principalmente pelo impacto negativo que proporciona na funcionalidade e na vida social dos sobreviventes. Compreender os aspectos que impactam na reintegração desses indivíduos na comunidade é um importante marcador para reabilitação. OBJETIVO: Identificar os preditores da integração na comunidade de indivíduos após AVC. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de Coorte prospectivo, que faz parte do estudo mãe “Caracterização clínica, funcional e sociodemográfica dos pacientes atendidos em uma Unidade de Acidente Vascular Cerebral”. Para essa etapa da coorte foram incluídos os indivíduos provenientes da Unidade de AVC do Hospital Geral Roberto Santos (UAVCHGRS), com diagnóstico de AVC isquêmico, idade superior a 18 anos e residentes na cidade de Salvador-Ba. As informações relativas às características sociodemográficas, aos hábitos de vida, clínicas e ao desempenho funcional foram compiladas do banco do estudo-mãe. Para esta etapa da coorte no domicílio, as seguintes escalas e testes foram aplicados: o Indice de Bartel Modificado (IBM), o índice de Atividades de Frenchay (FAI), o Timed Up and Go (TUG) e o questionário de integração na comunidade (CIQ), assim como um questionário incluindo informações a respeito da acessibilidade. Após a avaliação de normalidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, foi realizada uma análise descritiva para identificar as características da população estudada, sendo as variáveis numéricas apresentadas em média e desvio padrão ou em mediana e intervalo interquartis. As variáveis categóricas foram apresentadas em termos absolutos e/ou frequência relativa. A análise multivariada foi conduzida a partir de um modelo teórico definido a priori, discriminando os fatores associados em blocos hierarquizados considerando significante apenas as variáveis com p0,05. Como a variável desfecho, integração na comunidade, apresentou distribuição não normal, foi utilizado o modelo de regressão linear robusta. A magnitude da associação foi estimada pelo cálculo dos coeficientes da regressão, adotando-se o Intervalo de Confiança a 95% (IC: 95%). RESULTADOS: Nos dados basais da coorte foram identificados 332 pacientes avaliados na UAVC (janeiro de 2015 a junho de 2016), e nesta etapa da coorte foram pré-selecionados para participar da coorte 204 indivíduos residentes na cidade de Salvador. Destes, 124 (60,78%) indivíduos preencheram efetivamente os critérios de elegibilidade e compuseram a população do estudo. Um total de 51,6% de indivíduos era do sexo feminino, com a mediana da idade de 63 anos (53-68 anos). Observou-se ainda que 82,3% referiram cor de pele não branca, 53,2% viviam com companheiro, apresentando uma mediana de 6 anos de estudo (4-12 anos) e renda familiar de 2 (dois) salários mínimos. Além disso, apresentaram como hábitos de vida prévios mais frequentes o etilismo (25,8%) e tabagismo (18,5%). Os indivíduos permaneceram internados na UAVC com a mediana de 6 dias (4-10) e apresentaram mediana de NIHSS de 7 pontos (4-12). No modelo multivariado de regressão linear permaneceram como preditores independentes a idade (β = -0,491; 95% IC = -0,857 – -0,125; p=0,009), DM (β = -2,189; 95% IC =- 4,030 – - 0,348; p=0,020), tabagismo (β = -3,047; 95% IC = -5,275 – -0,819; p=0,008) e a capacidade funcional (β = 0,181; 95% IC = 0,107 – 0,255; p=<0,001). CONCLUSÃO: A idade, a capacidade funcional apresentada na alta da UAVC, a DM e o tabagismo permaneceram como preditores independentes do nível de integração na comunidade em indivíduos após AVC, avaliados no domicílio na cidade de Salvador, Bahia.