Avaliação do estilo de vida, da qualidade de vida e da capacidade funcional em tabagistas admitidos em um programa de cessação tabágica

Abstract

INTRODUÇÃO: O tabagismo é uma doença neurocomportamental devido a dependência a nicotina. A ação deletéria do hábito de fumar nos sistemas é conhecida, porém, não está descrito na literatura nacional a avaliação do estilo de vida em fumantes. OBJETIVO: investigar o estilo de vida, a qualidade de vida e a capacidade funcional em fumantes admitidos em um programa de cessação tabágica. METODOLOGIA: estudo transversal com tabagistas, idade≥18anos. Foram excluídos da pesquisa aqueles que apresentaram contra indicações e complicações na aplicação dos testes funcionais; déficit de compreensão dos questionários; diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Etapas: aplicação dos questionários sociodemografico, internacional de atividade física (IPAQ), Teste de Tolerância de Fagerström (TTF), Estilo de Vida (EV) Fantástico e para avaliação da qualidade de vida (QV) o WHOQOL-Bref. A Capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de seis minutos (TC6); força muscular respiratória (FMR) máxima pela manovacuometria e força periférica pelo dinamômetro. Análise estatística: as variáveis contínuas foram expressas em média e desvio padrão; ou em mediana e intervalo interquartil, após análise da normalidade; utilizado o teste t student para comparar médias. Considerado p<0,05 como significativo. RESULTADOS: a amostra foi composta por 83 tabagistas; sendo mulheres 54(61,1%); com idade média de 53,6 (±11,5 DP)anos; 22(26,5%) dos participantes possuíam Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); 32 (34,9%) eram ativos; e, 24 (28,9%) possuíam elevada dependência a nicotina avaliada pelo TTF. O questionário Estilo de Vida Fantástico classificou os participantes como possuindo “Bom” EV 31(37,3%), “Muito bom” EV 25 (30,1%). Nos domínios do WHOQOL-Bref foi observado: “Dor e desconforto” (41,55%), “Sentimentos Negativos” (35,21%), “Recursos Financeiros” (40,88%) e “Atividade Sexual” (47,1%). Houve diferença nos valores preditos e encontrados no TC6 (533,02±51,60 versus 430,05±113,55, p<001), pressão inspiratória máxima (105,92±27,7 versus 82,69±27,5, p<0,01) e pressão expiratória máxima (106,47±29,07 versus 70,14±26,05, p<0,001). A distância percorrida no TC6 foi menor quanto maior a dependência a nicotina (baixa dependência 460,7±108,8, versus 391,6±109,9 elevada dependência, p=0,04). CONCLUSÃO: O estilo de vida avaliado pelo questionário Fantástico mostrou a maioria dos fumantes classificados como “Bom” EV. Quanto maior a dependência nicotínica nos fumantes, menores os escores no questionário Fantástico indicando pior estilo de vida, com diferença nos domínios: família e amigos, álcool, sono, cinto de segurança e sexo seguro. A qualidade de vida apresentou maior comprometimento nos domínios: psicológico, dependência de medicação e tratamentos, sentimentos negativos; houve pior desempenho nos domínios psicológico, relações sociais e auto percepção da saúde, nos fumantes com maior dependência a nicotina. Observado declínio na capacidade funcional dos fumantes avaliada pela distância percorrida no TC6 e força muscular respiratória máxima, quando avaliados os valores previstos e encontrados.