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Título: Atuação de psicologas nos serviços e nas políticas para o atendimento à mulheres em situação de rua
Autor(es): Castelar, Marilda
Martins, Daniela Maria Barreto
Souto, Verena Souza
Palavras-chave: Violência de gênero. Psicologia. Prática profissional. Serviços especializados. Mulheres.
Data do documento: 27-Abr-2018
Editor: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Resumo: Existem muitos fatores associados ao contexto de violência contra as mulheres. Nesse sentido, políticas públicas são produzidas e ampliadas, com o objetivo de criar ações, estratégias e serviços para o enfretamento desse tipo de violência. Por demandarem olhar complexo e multifacetado sobre a temática, é que estes serviços são compostos por equipes multiprofissionais que abrangem psicólogas/os. O presente estudo se propõe a mapear a presença e a atuação das/os profissionais de Psicologia nas políticas para o atendimento à mulher em situação de violência da Bahia, registrando suas experiências na efetivação dessas políticas e identificando a existência de práticas inovadoras vinculadas a elas/es e/ou dispositivos tecnológicos utilizados nesse contexto. Para esta pesquisa foi empregada a abordagem qualitativa exploratória descritiva de frequência utilizando recursos quantitativos e qualitativos. Os dados foram coletados em duas etapas: via questionário online respondido por 153 psicólogas/os que atuam na Rede Especializada e Não Especializada de Atendimento à Mulher em situação de violência; e através de observação participante registradas em caderno de campo da pesquisadora, durante visitas realizadas em 24 municípios e 12 serviços especializados, num total de 72 municípios abrangidos pela pesquisa e 25 territórios de identidade da Bahia. Por meio da coleta de dados foram obtidas informações sobre a atuação de profissionais de Psicologia no atendimento a mulheres em situação de violência. Foi possível caracterizar as/os psicólogas/os com dados sociodemográficos e sobre a formação, indicando um percentual elevado de mulheres (89%), jovens (80,4%), negras/os (57,5%), com até 5 anos de formadas/os (54,2%) e percentual baixo de formação na temática da violência de gênero (12,4%). Além disso, descreveu-se questões referentes à prática dessas/es profissionais através de informações levantadas sobre suas técnicas, que identificou como práticas mais utilizadas nesse contexto os atendimentos individuais (86,6%), o acolhimento (93,3%) e as rodas de conversa (46,6%). Destacou-se as condições de trabalho, ressaltando a alta rotatividade de profissionais nos serviços, vínculos empregatícios frágeis e falta de estrutura apropriada para execução do trabalho; afetando as possibilidades de encaminhamento dessas mulheres a outros serviços, denotando as dificuldades pontuadas pelas/os profissionais em dar prosseguimento aos atendimentos, muitas vezes por falta de qualificação adequada para lidar com este contexto. Os principais desafios encontrados nessa atuação abrangeram a dificuldade de entendimento das/os profissionais sobre a política. Outros obstáculos de funcionamento da rede apontam para a falta de retorno dos encaminhamentos, a interrupção dos acompanhamentos em outros serviços, a má qualidade dos equipamentos e a revitimização das mulheres, sobretudo nos serviços de saúde e segurança pública. Com esta pesquisa foi possível perceber a necessidade de maior participação no controle social das políticas públicas, bem como de aperfeiçoamento da atuação de psicólogas/os e de sua formação para lidar com os problemas relacionados ao atendimento de mulheres em situação de violência. Além disso, é necessário que a Psicologia se debruce sobre a reflexão de seu compromisso ético-político na desconstrução de desigualdades e garantias de direitos às usuárias de seus serviços para a superação da violência.
URI: http://www7.bahiana.edu.br//jspui/handle/bahiana/2583
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