Função sexual e autoimagem genital em mulheres praticantes de atividade física

Abstract

Introdução: A função sexual é influenciada pela prática de atividade física e está diretamente relacionada à insatisfação da imagem corporal que pode se estender para a genitália feminina. Na população brasileira, os estudos sobre a função sexual relacionada à autoimagem genital feminina são escassos. Objetivo: Verificar se há relação entre função sexual e autoimagem genital em mulheres que praticam atividade física, além de verificar se há relação da função sexual e da autoimagem genital com as informações sociodemográficas, clínicas e os modelos de academia, se mista ou feminina. Metodologia: Estudo transversal com 421 mulheres de 18 a 60 anos, sexualmente ativas, nas últimas quatro semanas, praticantes de exercício físico, não grávidas, matriculadas em academias. Foram excluídas as participantes que não preencheram completamente os questionários FSFI (Female Sexual Function Index) e o FGSIS (Female Genital Self-Image Scale). A coleta de dados foi realizada por meio de questionários autoaplicáveis, preenchidos individualmente, contendo informações sociodemográficas e clínicas, o FSFI, em cujo escore, igual ou inferior a 26, indica disfunção sexual e, o FGSIS, em que o escore varia de 7 a 28, sendo que valores mais altos indicam autoimagem genital positiva. A correlação entre o FSFI e o FGSIS foi realizada pela correlação de Pearson, a relação entre os modelos de academia e as variáveis numéricas, por meio do Test t de Student, e as variáveis categóricas pelo Teste do Qui-quadrado. Foi realizada a análise multivariada da variável dependente função sexual e da auto imagem genital. Resultados: Foram analisadas 384 mulheres com média de idade maior na academia feminina (40,3±8,3 anos) em relação à mista (31,8±9,7 anos). Foi identificada uma relação entre a função sexual e a autoimagem genital (p<0,01), assim como, uma correlação positiva e fraca entre o FSFI e o FGSIS (R=0,3 e p<0,01). O escore do domínio desejo do FSFI foi maior na academia mista quando comparado com as mulheres da academia feminina (p<0,01). Na análise de Regressão Múltipla, foi observada a influência da autoimagem genital na função sexual (p<0,01) e a influência da função sexual na autoimagem genital (p<0,01). Conclusões: Mulheres com função sexual adequada apresentam autoimagem genital mais positiva. A relação entre a função sexual e a autoimagem genital foi semelhante nas mulheres que frequentavam os dois modelos de academia, só diferindo no domínio desejo, que foi maior na academia mista.