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Título: "Alterações neuroftalmológicas na doença de chagas"
Autor(es): Correia, Luís Cláudio Lemos
Prata Junior, Joao Antonio
Oliveira, Dayse Cury de Almeida
Rabelo, Márcia Maria Noya
Freitas, Daniel Meira
Prata Junior, Joao Antonio
Rocha, Jorge Carlos Pessoa
Villas-Bôas, Flávia da Silva
Palavras-chave: Doenças de chagas. Cardiopatia. Olho. Nervo óptico. Neuroftalmologia.
Data do documento: 23-Mar-2018
Editor: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Resumo: Fundamento: A doença de Chagas é uma infecção parasitária sistêmica que afeta diversos órgãos, inclusive o olho, e pode evoluir com alterações neuroftalmológicas na fase crônica da doença. No entanto, nenhum estudo foi realizado, até o momento, para esclarecer os padrões e características das alterações neuroftalmológicas a fim de oferecer possibilidades de prevenção e desenvolvimento de terapias precoces. Objetivos: (1) explorar a hipótese de que a doença de Chagas predispõe a alterações neuroftalmológicas; (2) testar a hipótese de que a doença de Chagas predispõe a redução da pressão intraocular; (3) explorar potenciais causas cardiovasculares para alterações neuroftalmológicas em pacientes chagásicos. Metodologia: estudo observacional, de corte transversal, incluindo pacientes encaminhados do ambulatório de Chagas e Insuficiência Cardíaca do Hospital São Rafael, no período de junho de 2014 a junho de 2016, com doença de Chagas confirmada por dois testes sorológicos positivos. Pacientes controles, pareados por sexo e idade, foram recrutados a partir dos funcionários do Instituto Brasileiro de Oftalmologia e Prevenção da Cegueira, onde o estudo foi realizado. Os pacientes foram submetidos a exames oftalmológicos, incluindo medida da acuidade visual, refração, medida da pressão intraocular, avaliação estrutural e funcional do nervo óptico e camada de fibras nervosas por meio de retinografia, tomografia de coerência óptica e perimetria automatizada padrão. Resultados: foram avaliados 41 indivíduos portadores da doença de Chagas e 41 controles, sendo 26 (63%) do sexo feminino, com média de idade de 59±8 anos em ambos os grupos (p= 0,96). Dentre os pacientes chagásicos, 15 (37%) apresentavam a forma cardíaca com disfunção do ventrículo esquerdo; 14 (34%), forma cardíaca sem disfunção do ventrículo esquerdo e 12 (29%), forma indeterminada. Em relação ao Objetivo 1, foram observadas alterações neuroftalmológicas em 24 pacientes (58,5%) do grupo chagásico e 07 (17%) do grupo controle (p ≤ 0,01). Foram vistas alterações do nervo óptico sugestivas de glaucoma, afinamento localizado da rima neural, hemorragia peripapilar, palidez do nervo óptico, defeito da camada de fibras nervosas localizado e redução da espessura da camada de fibras nervosas peripapilar. Observou-se que a prevalência das alterações neuroftalmológicas não mostrou diferença entre os pacientes chagásicos com e sem disfunção ventricular (n= 15 e n= 26, respectivamente; p=0,13). Porém, a comparação dos chagásicos (n= 13) sem disfunção ventricular com os controles (n=41) mostrou diferença significante (p=0,005). O exame de tomografia de coerência óptica mostrou diminuição da espessura global da camada de fibras nervosas (89 ± 9.7 µm) e da espessura da camada de fibras nervosas inferior (113 ± 17.4 µm) nos pacientes chagásicos. Nos controles, esses valores foram de 94 ± 10.9 µm com p =0.03 e 121 ± 19.7 µm com p=0.03, respectivamente. No Objetivo 2, não foi observada diferença na pressão intraocular entre os grupos chagásico e controle (médias 14,5 ± 4 mmHg e 14 ± 4mmHg, respectivamente, p=0,53). Na avaliação do Objetivo 3, não foram observadas diferenças nos padrões cardiovasculares dos pacientes chagásicos com e sem alterações neuroftalmológicas. Conclusões: Os pacientes com doença de Chagas tiveram maior prevalência de alterações neuroftalmológicas do que os controles sem a doença. A pressão intraocular não influenciou os achados descritos, uma vez que foi semelhante entre os grupos. A comparação da estrutura e função cardíacas dos pacientes chagásicos que tiveram alterações neuroftalmológicas com os que não tiveram, sugeriu uma influência da doença de Chagas independente da cardiopatia apresentada.
URI: http://www7.bahiana.edu.br//jspui/handle/bahiana/1857
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